Título: FMI vê sinais de superaquecimento na América Latina
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Fonte: O Globo, 04/05/2011, Economia, p. 27
Segundo o Fundo, Brasil precisa fazer ajustes "na hora certa"
CIDADE DO MÉXICO. O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou ontem que estão surgindo pequenos sinais de superaquecimento na América Latina e destacou que poderão ser necessários novos aumentos nas taxas de juros para evitar uma aceleração da inflação em alguns países. Ao comentar, de forma específica, a situação do Brasil, a instituição destacou que o governo deu um passo certo na direção do equilíbrio fiscal ao ter anunciado (em fevereiro) cortes no Orçamento, mas alertou que é crucial garantir que os ajustes sejam implementados "na hora certa".
As conclusões do FMI fazem parte do relatório "Perspectivas econômicas: As Américas", apresentado no México. De acordo com o documento, os preços dos ativos da região começaram a mostrar indícios de formação de bolhas.
Analisando o custo de vida nas Américas, o organismo frisou que a inflação está acelerando em alguns países por fatores relacionados à demanda, o que tem se agravado devido à alta nos preços dos alimentos e de energia.
"Apesar de vários bancos centrais terem elevado as taxas de juros, são necessários novos aumentos das mesmas para conter as pressões de demanda", recomenda o FMI.
Para diretor, América do Sul está "muito quente"
O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Nicolás Eyzaguirre, disse que o Fundo já vê riscos concretos de superaquecimento em grande parte da América Latina, apesar de ter detectado temperaturas distintas em cada região. Segundo ele, a América do Sul "está mais quente":
- De alguma forma, o México me parece mais equilibrado. A América Central ainda está um pouco fria; a América do Sul, muito quente; e o Caribe, francamente semicongelado.
Em um relatório também divulgado ontem, a agência de classificação de risco Moody"s considerou que, no momento, "é exagerado afirmar que a América Latina está superaquecida". Ainda de acordo com a consultoria, apenas Chile e Colômbia apresentam sinais de crescimento acima de seu potencial.
Recomendação de estratégia urgente para os EUA
Em uma análise da situação econômica dos Estados Unidos, o FMI advertiu que existe uma urgência "cada vez maior" para que o país adote "uma estratégia para estabilizar a dívida pública e depois reduzi-la". De acordo com o Fundo, as finanças públicas americanas "estão em trajetória insustentável". O organismo afirmou que a situação tende a piorar por conta do envelhecimento populacional. Para o FMI, o aumento dos custos de saúde exercerá uma forte pressão de alta sobre as taxas de juros nos Estados Unidos e no mundo.