Título: BC: negociação salarial deve considerar meta
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 04/05/2011, Economia, p. 23

Tombini defende que, nos acordos, é preciso levar em conta previsão de 4,5% para IPCA

BRASÍLIA. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, defendeu ontem que é preciso levar em consideração, no momento das negociações salariais, que a inflação vai entrar numa trajetória de convergência para o centro da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, em 2012. Hoje, a variação dos preços está acima de 6% no acumulado em 12 meses.

- É importante que o BC e o governo demonstrem claramente que a inflação está na trajetória, na convergência para 4,5% (...). Nas suas definições de preços, nas suas definições salariais, que (os negociadores) olhem o que vem pela frente em termos de inflação - disse Tombini em entrevista a Míriam Leitão, no programa "Espaço Aberto", da GloboNews.

Para Tombini, caso essas variáveis não sejam levadas em conta, poderá haver problemas de competitividade para as empresas. Segundo ele, a inflação estará no centro da meta em 2012, mesmo com o aumento já programado do salário mínimo para o início do ano, de quase 15%. Ele argumentou que todos os efeitos da política monetária já adotada --como alta de 1,25 ponto percentual da Taxa Selic desde janeiro, para 12% ao ano - terão "impacto máximo" justamente no quarto trimestre deste ano e nos primeiros três meses de 2012:

- Nas nossas decisões, temos de levar em consideração tudo o que sabemos de antemão.

Tombini reafirmou que a enxurrada de dólares que o Brasil tem recebido - superou US$30 bilhões no início do ano - aumenta a pressão inflacionária, porque cresce a oferta de crédito. Mas o presidente do BC ressaltou que as medidas tomadas para reduzir o ritmo de entrada de capital estrangeiro - como a alta para 6% do IOF de captações no exterior - ajudam a política monetária:

- (O IOF) está dando mais tração para a política monetária - disse o presidente do BC.