Título: Podemos respirar em maio, diz Mantega
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 07/05/2011, Economia, p. 29

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Brasil está superando o pior momento da inflação e que os preços já começaram a cair. Ao comentar o IPCA de abril, ele reconheceu que este ainda é elevado, mas ressaltou que o número está abaixo do que esperava o mercado:

- Eu diria que nós estamos no chamado ponto de inflexão, ou seja, revertendo a inflação para baixo. Se continuarmos assim, já podemos respirar em maio, esperando um IPCA em torno de 0,45% ou 0,50%.

Mantega minimizou o fato de a inflação acumulada em 12 meses, de 6,51%, ter ficado acima do teto da meta de 2011 (6,5%).

- O que interessa para nós é a inflação de janeiro a dezembro, e essa não vai passar do limite da meta. O que importa é olhar para frente, e não para trás - afirmou.

A equipe econômica vem destacando que vários países que trabalham com meta de inflação estão acima do teto para 2011, como Chile, Reino Unido, Turquia, Austrália e Nova Zelândia. Outros estão acima do centro da meta, mas na margem de tolerância: Canadá, Colômbia, Peru, México e Hungria. Há também aqueles sem metas explícitas, mas cuja inflação está elevada: Estados Unidos, Rússia, Índia e China.

Segundo Mantega, o vilão do IPCA em abril foram os combustíveis, especialmente o etanol, que estava caro devido à entressafra da cana. Ele disse que essa pressão acabará com o início da colheita e a queda dos preços do petróleo no mercado internacional.

- Teremos queda dos preços de gasolina e etanol a partir de maio - afirmou. - O pior momento da inflação está passando, está sendo deixado para trás em abril e, a partir de maio, os preços vão começar a cair no Brasil, de modo que a inflação está sob controle.

Como a reforçar essa expectativa, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que não haverá qualquer alteração nos preços dos combustíveis enquanto a cotação internacional do petróleo estiver no patamar atual. Ele também disse que a oferta de etanol está crescendo e, a partir da próxima semana, será maior, com "consequente queda nos preços":

- Não se cogita aumentar o preço dos combustíveis.

Lobão lembrou que há nove anos o governo não aumenta o preço dos combustíveis nas refinarias. Ele disse ainda que a Petrobras vai aumentar a sua participação na produção de etanol. O objetivo é que, em quatro anos, a produção da empresa passe dos atuais 5% do etanol consumido no país para até 15%, a fim de evitar a alta do preço na entressafra.

O ministro se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, tendo falado sobre a Usina de Belo Monte. Ele disse que todas as recomendações estão sendo cumpridas, incluindo questões ambientais e indígenas.