Título: França decide resgatar todos os corpos do 447
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Fonte: O Globo, 07/05/2011, Rio, p. 28
Após dois resgates bem-sucedidos, a França decidiu retirar todos os corpos das vítimas da tragédia do voo 447, da Air France, que estão no mar. Em nota divulgada ontem, a Direção Geral da Polícia Militar francesa (DGGN, na sigla em francês) afirma que a equipe será reforça para fazer, ¿durante cerca de 15 dias, o resgate de todos os corpos e objetos pessoais que puderem ser recuperados¿.
Mais cedo, no Rio, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, já havia defendido o resgate de todos os corpos. Em visita ao Complexo do Alemão, ele ressaltou que o governo brasileiro está acompanhando os trabalhos de resgate de corpos e equipamentos, e afirmou que a investigação das causas da tragédia cabe ao governo francês, mas que todos os países com vítimas envolvidas acompanham os trabalhos de perto.
¿ O organismo francês que faz as buscas trabalha exclusivamente com o problema do acidente. Depois, as questões decorrentes dos falecidos, dos corpos, serão apuradas. E (os corpos) serão remetidos. Havia mais de cem nacionalidades no voo ¿ afirmou Jobim.
Segundo corpo também estava preso ao assento
Na manhã de ontem, a DGGN anunciou o resgate do segundo corpo de uma das vítimas do acidente. Segundo as autoridades francesas, o corpo também foi içado para o navio Ile de Sein, e passará por um exame de DNA. O corpo encontrado nesta sexta-feira estaria amarrado ao assento, assim como o resgatado na quinta-feira.
O Airbus da companhia francesa caiu no Oceano Atlântico em junho de 2009, quando seguia do Rio para Paris, matando as 228 pessoas a bordo. Pouco depois do acidente, corpos de 51 passageiros foram encontrados na superfície do mar. No dia 3 de abril, equipamentos teleguiados localizaram destroços do avião, como um trem de pouso de uma turbina, a 3.900 metros de profundidade. No dia seguinte, autoridades francesas informaram que havia corpos dentro da fuselagem. As duas caixas-pretas foram recuperadas no início desta semana.
O presidente de uma das associações de famílias das vítimas, Jean-Baptiste Adousset, da Entraide et Solidaritl AF447, disse que o resgate esta dividindo os parentes: alguns não querem que os restos de seus entes sejam retirados do mar.
¿ É uma noticia muito difícil para todas as famílias. É uma esperança para pessoas que querem o resgate dos corpos. Mas, para as famílias que não querem o resgate, a retirada do primeiro corpo é muito difícil, traumatizante ¿ disse.
Representante de famílias teme frustração
Adousset prevê frustração mais tarde, se famílias se depararem com o fato de que nem todos os corpos poderão ser resgatados.
Parentes brasileiros das vítimas do voo 447 criticam a decisão de levar os corpos para a França. Nelson Faria Marinho, presidente da Associação de Familiares de Vítimas, alega que o traslado dos restos mortais para a Europa e, após a identificação, de volta para o Brasil, poderia prejudicar ainda mais o estado dos cadáveres.
oglobo.com.br/rio