Título: Presidente da TAP teme aumento de custos
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 05/05/2011, Economia, p. 24

Companhia portuguesa não tem interesse em participar de licitações no Brasil

PORTO ALEGRE. O presidente da companhia aérea portuguesa TAP, Fernando Pinto, teme que as licitações de terminais no Brasil acabem elevando os custos das empresas. Como conselheiro da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), ele defende que a a regulamentação dessas licitações seja rigorosa.

- A grande preocupação da Iata é de que o aeroporto é um monopólio. Se entregamos isso para uma empresa privada sem os controles necessários e sem um contrato de concessão muito bem feito, ela poderá cobrar da empresa aérea a margem (de lucro) que quiser. "Quer voar pra cá, tem que pagar". Isso não pode ser assim - afirmou Pinto ontem em reunião da associação empresarial gaúcha, a Federasul.

Ele disse ainda que a TAP não tem interesse em participar das licitações dos terminais aeroportuários no Brasil. Mas ressaltou que a privatização do setor pode permitir que a infraestrutura acompanhe o crescimento do mercado nacional. Tanto a concessão completa da operação quanto o lançamento de editais restritos à administração dos terminais são opções válidas, afirmou, deixando claro preferir a segunda opção:

- Na mesma pista você pode ter mais de um terminal. O investimento seria para fazer um terminal melhor do que outro e, assim, atrair mais empresas do que o do concorrente. No terminal pode haver competição, na pista não.

Pinto afirmou que, no Brasil, o fluxo de voos está crescendo a uma velocidade chinesa e que esse aumento de demanda surpreendeu a todos. Em sua opinião, o grande desafio será equacionar o fluxo extraordinário de turistas durante a Copa de 2014 com essa expansão natural do mercado interno e com o retorno à normalidade depois do evento:

- Não adianta ter um aeroporto enorme que de repente não é mais utilizado - disse Pinto, lembrando que Portugal, na ocasião da Eurocopa 2004, criou terminais provisórios e usou bases aéreas militares para escoar o excesso de passageiros.

Em 12 de junho, a TAP passa a ter voos diretos entre Porto Alegre e Lisboa. (Naira Hofmeister, especial para O GLOBO)