Título: Copenhague 2009
Autor: Azevedo, José Carlos de Almeida
Fonte: Correio Braziliense, 04/08/2009, Opinião, p. 19

PhD em física pelo MIT, ex-reitor da UnB

A 15ª Conferência Mundial sobre o clima na Terra ocorrerá em Copenhague no fim de 2009. Será a primeira após a realizada em Bali, que estabeleceu o Mapa do Caminho, documento lírico-bucólico com roteiro para salvar a humanidade do ¿aquecimento global gerado pelo homem¿ e foi classificada por responsáveis como um alegre encontro de ONGs. A de Copenhague aguarda 8 mil participantes e, como ocorreu em Bali, será mais uma festa climática paga pelos contribuintes.

A paranoia do aquecimento repete a que houve sobre a camada de ozônio, também promovida pela ONU, que levou ao banimento dos clorofluorcarbonos e a substituição por hidrofluorcarbonos. A camada continua no mesmo lugar. Antes desta, proibiu o uso do DDT (diclorodifeniltricloroetano) que livrou da malária os países ricos, mas ainda leva à morte milhões de pessoas nos pobres. Há quem acredite que não há interesses econômicos.

Os alarmistas do aquecimento advertem que o CO² é poluente, apesar de saberem que, sem ele, é impossível a vida na Terra. Fingem não saber que os satélites meteorológicos comprovam que a Terra se esfria há 10 anos e que isso não foi previsto nos modelos dos pseudossábios adeptos do IPCC, que não sabem explicar o passado e dizem que sabem prever o futuro. Meteorologistas competentes sabem que não é possível prever o tempo com mais de uns 10 a 15 dias de antecedência, mas os doutores em ecopajelança digital do IPCC enganam os incautos e anunciam o que ocorrerá dentro de 20 ou 100 anos: ¿Se não reduzirmos a emissão de CO², em 20 anos não haverá mais macieiras em Sta. Catarina!¿ ou ¿em 80 anos a Amazônia será uma savana!¿. São previsões que valem menos que as feitas com um baralho de tarot.

Freeman J. Dyson, um dos mais importantes cientistas do século passado e ainda atuante no Instituto de Estudos Avançados da Universidade Princeton, lembrou que o mundo real tem fenômenos que não compreendemos, que é mais fácil fazer modelos de computador do que medir o que acontece nas geleiras, nos pântanos e nas nuvens e que, por isso, os especialistas em modelos climáticos acreditam nos próprios modelos...¿.

O CO² é vital para todas as formas de vida e o seu aumento fará as plantas crescerem mais e beneficiará todas as formas de vida na Terra. Entre todos os gases da atmosfera responsáveis pela retenção do calor emitido pela Terra ¿ o erradamente chamado efeito estufa ¿ o mais importante é o vapor de água; o CO² compõe apenas 0,28% do total e sem os gases a Terra seria uma bola de gelo, como foi no passado.

As mudanças no clima ocorrem há bilhões de anos e não há como alterá-las, pois obedecem a ciclos astronômicos complexos e sofrem a influência das radiações cósmicas. Platão (427/347 a.C.) revelou no Timeu que o aquecimento e o resfriamento ocorrem em intervalos regulares e que Theophrastus (374/287 a.C.) discípulo de Aristóteles (382/322 a.C.) escreveu sobre isso no livro Meteorologica. Limitando-me aos últimos 20 mil anos antes da era industrial, do uso de combustíveis fósseis, ocorreram muitas mudanças: o aquecimento no holoceno (9.600 a 9.500 a.C.); o resfriamento egípcio (6.500 a 6.000 a.C.); o resfriamento no holoceno (6.000 a 3.600 a.C.); o resfriamento acadiano (3.600 a 1.500 a.C.); o aquecimento minoano (1.500 a 1.200 a.C.); o resfriamento na Idade do Bronze (1.200 a 500 a.C. ); o aquecimento romano (500 a 535 d.C.) e na Idade das Trevas (535 a 900 d.C.); o aquecimento medieval (900 d.C. a 1.300 d.C.); a pequena idade do gelo (1.300 a 1.850 d.C.). O desaparecimento de civilizações na Mesoamérica, Maia, Moche, Tiwanaku e outras decorreu de mudanças no clima; há 2,6 milhões de anos o Saara era verdejante e lá havia rios, lagos e vida animal. A compreensão científica dos fenômenos climáticos começará a ocorrer após o início da operação do Projeto Clould, em andamento no CERN, o maior laboratório de pesquisas nucleares que existe. O resto é conversa dos doutores em ecopajelança digital.

O encontro em Copenhague será uma festança, com passeios, regabofes, etc., etc., à custa dos que pagam impostos. Por isso, encerro estas linhas e transcrevo a frase de E. Ionesco no artigo ¿Cultura não é assunto de Estado¿, em que apenas substituí a palavra cultura por clima: ¿Quando ouço homens de Estado, diplomatas internacionais, com suas grossas pastas e sua sobranceria, falar de clima, tenho a vontade de tirar o meu revólver. Então, por que se metem os diretores da Unesco, por que se metem os políticos, os ministros nos assuntos do clima¿?