Título: Uma nova diretriz para o Oriente Médio
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 13/05/2011, O Mundo, p. 28

WASHINGTON. Impulsionado pelas grandes transformações que vêm ocorrendo desde o início do ano no mundo árabe, o presidente Barack Obama prepara-se para fazer um discurso na próxima semana que deve redefinir as diretrizes da Casa Branca para o Oriente Médio ¿ e que fará referência à morte de Osama bin Laden. De acordo com funcionários do governo, Obama deve argumentar que ¿os movimentos populares na região por maior liberdade e oportunidade representam uma rejeição total à mensagem da al-Qaeda e de Bin Laden¿.

Apesar de a morte de Bin Laden dar novo gás ao discurso, o texto já vem sendo escrito há algum tempo, para tentar combater as críticas de que o governo americano reagiu lentamente às revoltas antigoverno da região.

Diferentemente do discurso do Cairo, de 2009, no qual Obama tentava conquistar ¿o coração do mundo muçulmano¿, o novo texto deve ser mais preciso e focar nos acontecimentos recentes da região ¿ dos levantes contra governos no Oriente Médio e no Norte da África ao conflito entre palestinos e israelenses.

O pronunciamento deve coincidir com a visita do premier de Israel, Benjamin Netanyahu, a Washington. Ainda que seja certa uma menção ao conflito palestino-israelense no discurso, não está claro o quanto Obama pressionará Tel Aviv por avanços, num momento em que o governo israelense teme pelas consequências das mudanças na região. Desde que Obama assumiu o cargo, o acordo de paz entre as duas partes teve poucos avanços, mas o presidente já defendeu a urgência de aproveitar a oportunidade criada pelas revoltas no mundo árabe para fazer novos progressos na questão.

O governo Obama também estuda mudar sua política em relação às visitas de familiares a prisioneiros de Guantánamo ¿ muitos, encarcerados há quase dez anos quase sem contato com parentes. O pedido foi apresentado ao Pentágono pela Cruz Vermelha, que monitora as condições da prisão militar e organiza videoconferências entre detentos e familiares. Os dois lados estão em intensas negociações sobre a questão.

Até o ano passado, uma lei que regula as atividades do Departamento de Defesa proibia visitas a presos de Guantánamo, por motivo de segurança. Para este ano, no entanto, a lei estipula somente que o Pentágono não pode usar fundos para ¿permitir que membros da família visitem os detentos de Guantánamo¿, o que não excluiria a introdução de um programa do tipo financiado pela Cruz Vermelha.