Título: Polícia apreende oxi pela primeira vez no RS
Autor: Hofmeister*, Naira
Fonte: O Globo, 13/05/2011, O País, p. 13

PORTO ALEGRE. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul fez ontem a primeira apreensão de oxi (abreviação de oxidado) em território gaúcho. Trezentos gramas da droga, uma mistura de base de cocaína, querosene ¿ ou gasolina, diesel e até solução de bateria ¿, cal e permanganato de potássio, foram encontrados ainda em formato de ¿tijolo¿, ou seja, antes de ser repartido em pequenos pedaços, semelhantes aos do crack. A estimativa da polícia é que a quantidade seria suficiente para produzir 1.500 pedras de oxi.

A droga havia sido encontrada no dia 25 de abril, mas precisou passar por perícia para que sua composição fosse atestada antes da divulgação da apreensão. O oxi pode ser confundido com o crack.

¿ No dia da apreensão, percebemos que ela tinha cheiro e cor diferentes do crack, por isso pedimos para ser periciada ¿ informou o delegado Rodrigo Zucco, da 2ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (DIN) do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).

Zucco conta que, no Rio Grande do Sul, a droga foi apelidada de ¿pedra de dois¿, por ser vendida a R$2, enquanto o crack custa R$5. Foi por isso que, acredita o delegado, junto com a droga foram encontradas 400 notas R$2. As cédulas serviriam para troco.

No dia da apreensão, 28 pessoas foram presas pela polícia, todas integrantes da quadrilha Bala na Cara, responsável por levar o oxi de São Paulo para Porto Alegre escondido em carros roubados.

¿ A droga vem da Bolívia e entra no Brasil pelo Acre ¿ informou Zucco.

O delegado alerta que o oxi é tão letal que, em menos de três meses, pode levar à morte:

¿ Já no primeiro mês de uso, os dentes começam a cair em razão do cal virgem.

Polícia quer ajuda da PF para evitar invasão do oxi

A preocupação da polícia do Rio Grande do Sul é intensificar o trabalho para evitar a disseminação do oxi no estado. Segundo a Secretaria estadual de Segurança Pública, um convênio com a Polícia Federal vai permitir uma vigilância maior das fronteiras do Rio Grande do Sul com Argentina e Uruguai.

¿ Quando apareceu o crack, em 1997, ninguém deu importância e hoje é uma epidemia. Estamos dando mais um alerta, mas o combate às drogas depende também da política do governo ¿ disse Zucco.

Em abril, O GLOBO publicou série de reportagens sobre o consumo do oxi em estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e sua chegada ao Sudeste.

* Especial para O GLOBO