Título: Argentina recua e discutirá barreiras
Autor: Figueiredo, Janaína; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 14/05/2011, Economia, p. 31

Ministra, que exigira suspensão de medidas, se reunirá com embaixador brasileiro

BUENOS AIRES eBRASÍLIA. Depois de exigir ,na sexta-feira, a suspensão das barreiras brasileiras à importação de veículos para se reunir com o ministrodo Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior , Fernando Pimentel, a ministra da Indústria Argentina, Débora Giorgi, acabou concordando em discutir oassunto com Enio Cordeiro, embaixador do Brasil em Buenos Aires. Somente após esse encontro deverá ser marcada uma reunião entre Débora e Pimentel, que, ontem, confirmou não aceitar imposição de condições para o diálogo. Segundo fontes da Casa Rosada, no encontro de hoje será organizada uma conversa entre o secretário da Indústria argentina, Eduardo Bianchi, e Alessandro Teixeira, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior . Assessores de Débora disseram que ontem ela conversou outra vez com Pimentel por telefone. Segundo um funcionário do Ministério da Indústria, ¿o diálogo entre os dois foi bom, cordial,mas o Brasil parece não entender a posição da Argentina¿. Na visão do governo Kirchner ,é inadmissível aaplicação de licenças não automáticas no setor automobilístico, um dos poucos nos quais o país vizinho continua tendo superávit no comércio bilateral.

¿Os brasileiros aplicaram uma barreira no único setor em que tínhamos uma vantagemcomercial ¿ lamentou uma fonte do governo argentino. Ontem, ao ser questionado sobre a exigência que sua colega argentina havia feito, Pimentel deixou claro que o governo brasileiro não aceita qualquer precondição para discutir o impasse comercial entre os dois países:

¿ Não existe precondição, mas estamos dispostos a retomar o diálogo.

Segundo fontes do governo brasileiro, Pimentel eDébora se reunirão na próxima semana, em Foz do Iguaçu. A ideia é aparar arestas. Há pouco mais de dois meses, os argentinos colocaram 600 itens em regime de licença não automática e, embora tenham prometido regularizar o desembaraço de mercadorias do Brasil, nada foi feito. Na semana passada, o Palácio do Planalto decidiu impor o mesmo sistema a automóveis importados. A medida afeta duramente a Argentina, que exporta para oBrasil 7mil veículos por semana. O clima no país vizinho é de grande preocupação.

¿ O setor automobilístico representa 50% do crescimento industrial da Argentina, essas medidas podem ter efeitos negativos sobrea produção e o emprego ¿ disse o presidente da Associação de Fábricas de Automóveis, Aníbal Borderes. ■