Título: Dossiê: US$400 mil para Correa
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 11/05/2011, O Mundo, p. 28

BOGOTÁ. Funcionários da campanha de Rafael Correa à Presidência do Equador teriam buscado o financiamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, em 2006, com o conhecimento do candidato, de acordo com o livro do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Embora já houvesse rumores de uma suposta ligação entre Correa e as Farc, esta é a primeira vez em que surgem relatos de um envolvimento direto do homem que hoje governa o Equador.

O livro sugere que US$400 mil podem ter sido destinados à campanha. Há um extrato bancário em que aparecem US$100 mil - o que coincide com a cifra e a data citadas como financiamento das Farc. O dinheiro teria sido entregue a Jorge Brito, ligado à campanha. Mas o dossiê acrescenta que outros US$300 mil teriam sido entregues por "amigos da Frente 48". Seriam os irmãos Jefferson, Miguel e Edison Ostaiza, ligados ao tráfico de drogas colombiano. O governo equatoriano nega as acusações.

As conclusões sobre Correa não vêm dos arquivos do computador do guerrilheiro Raúl Reyes, mas do testemunho de um membro das Farc no Equador em 2006. O guerrilheiro, que mais tarde deixou as Farc, diz ter sido "assediado pela equipe de campanha de Correa, falando primeiro com um intermediário; depois em pessoa com Ricardo Patiño (atual chanceler); e, finalmente, com Correa, numa série de três ligações telefônicas". Segundo o livro, "evidências circunstanciais e diretas indicam que Correa estaria envolvido na decisão".

O ex-guerrilheiro disse que não podia confirmar se a contribuição se concretizou porque foi preso. Mas o IISS afirma que registros bancários obtidos pela autoridade eleitoral equatoriana são "a mais forte indicação de que as contribuições foram usadas na campanha".

- Nunca na minha vida vi alguém das Farc - respondeu Patiño ontem.