Título: Mantega: inflação ficará na meta
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 17/05/2011, Economia, p. 17

Pressão de combustíveis e `commodities¿ está caindo, diz ministro

RIO eBRASÍLIA. Com os preços dos combustíveis e das commodities dando sinais de desaceleração, o ministroda Fazenda, Guido Mantega, está convencido de que ainflação este ano ficará dentro do teto da meta estabelecida pelo Banco Central (BC), de 6,5%. Seu prognóstico é que o preço da gasolina ¿ que, junto com o dos alimentos, vinha ocupando o lugar de vilão da inflação ¿começará a cair com o início da safra do etanol, este mês. As commodities,que acumulam alta de 40% em 12 meses, também começam a sofrer menos pressão, com quedas de 6% no último mês.

¿Em 2011, temos a certeza de que a inflação estará dentro do limite superior da meta. Estamos vendo nitidamente atendência de redução. O Brasil tem cumprido (a meta), tem controlado a inflação e se utilizado dos instrumentos adequados para isso. Ao participar ontem no BNDES, no Rio, da abertura do XXIII Fórum Nacional, promovido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, Mantega ¿que representou a presidente Dilma Rousseff¿ explicou que não são apenas as pressões externas que têm impacto na inflação. Como o mercado interno está aquecido, disse, cresce o ¿risco de contágio¿. Mas alertou:

¿ Não há nenhum relaxamento do governo em relação àinflação. Estamos sempre atentos para que não passe dos limites. Ainda que a alta dos preços pressione a inflação, Mantega chama atenção para o outro lado desta mesma moeda. Se opaís sofrecom aalta generalizada no mercado externo, também ganha, já que é um importante produtor de commodities agrícolas. E não é apenas a inflação que está em queda. O déficit nominal do país este ano será de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país).

¿Se levarmos em consideraçãoque o juro pago pelo país é maior que em outros países, o equivalente a 5,3% ou 5,4%doPIB, se o juro fosse menor , e um dia será, teríamos uma situação fiscal melhor , tendendo a umdéficit nominal zero¿disse Mantega, que aproveitou o evento para anunciar que a reforma tributária começará este ano, com a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) e a desoneração da folha de pagamentos. Com ainflação dando sinais de arrefecimento, omercado revisou para baixo na pesquisa Focus, do BC¿pela segunda semana seguida ¿, sua projeção para oIPCA deste ano, de 6,33% para 6,31%. Para 2012, manteve a previsão em 5%. Ambas estão acima do centro da meta oficial, de 4,5%.

O mercado prevê que a Selic¿hoje em 12% ao ano¿- subirá a 12,50% em julho, com mais duas altas de 0,25 ponto percentual. O Focus mostrou também que o mercado manteve a projeção para a taxa básica de juros do país, em 2012, a 12,25% anuais. O Focus mostrou ainda que o mercado, em geral, manteve sua estimativa de crescimento do PIB para 2011 em4%. Para o próximo ano, esta recuou ligeiramente, de 4,21% para 4,20%. Também não houve mudanças nas contas para o câmbio, com o dólar encerrando este ano a R$ 1,62 e o próximo, a R$ 1,70. ■