Título: Vaccarezza: governo vota Código até para perder
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 18/05/2011, O País, p. 11

BRASÍLIA. Sob pressão dos partidos aliados, a liderança do governo na Câmara anunciou que o novo Código Florestal será votado na próxima semana, mesmo que isso signifique a derrota governista em plenário. O governo, de acordo com o líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), avalia que não há mais tempo para protelar a votação, com o objetivo de conciliar os interesses de ambientalistas e ruralistas.

Vaccarezza admitiu que ainda não foi batido o martelo sobre pontos polêmicos do relatório apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), texto que não foi à votação na semana passada justamente porque o governo temia a derrota. Agora, explica o líder, o cenário é outro: a matéria será votada, mesmo que isso signifique uma derrota.

- Vamos votar na terça ou na quarta da semana que vem. Pode escrever. Vamos votar até para perder, mas nós vamos ganhar. Não vamos perder - afirmou.

Na semana passada, o governo impediu a votação do novo Código Florestal depois de analisar que os interesses governistas poderiam ser derrotados por causa da mobilização da bancada ruralista.

Após se reunirem na presidência da Câmara, governo e oposição, entretanto, não chegaram a um acordo sobre a pauta de votação nos próximos dias.

O líder interino do PMDB, deputado Mendes Ribeiro (RS), afirmou que houve avanços em alguns pontos na proposta do Código Florestal, mas não detalhou que tipo de evolução ocorreu nas últimas horas. Ele ponderou que nenhuma decisão será tomada antes do retorno do líder Henrique Eduardo Alves (RN), que está em viagem ao exterior.

- Amanhã é um novo dia. Temos alguns avanços, o importante é manter o clima de entendimento - disse Mendes Ribeiro.

Ao confirmar a votação na próxima semana, o Palácio do Planalto espera abrir caminho para analisar outras propostas prioritárias, como o regime diferenciado para as obras voltadas à Copa do Mundo de 2014, excluindo as obras de parte das exigências legais impostas pela Lei de Licitações (Lei 8.666). A ideia governista é permitir que o regime diferenciado seja incluído na MP 517, que poderá ser levada hoje ao plenário.