Título: Responsável por livro admite mudar texto
Autor: Barbosa, Adauri Antunes; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 17/05/2011, O País, p. 3

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Responsável pela produção do livro didático ¿Por uma vida melhor¿, da Editora Global, a ONG Ação Educativa admite que poderá mudar o texto, numa eventual nova edição. É o que disse ontem a coordenadora-geral da ONG, Vera Masagão. Ela classificou como infeliz a frase que considera correto, em certos contextos, falar com erros de concordância:

¿ Não acho que seja necessário recolher os livros, de forma nenhuma. Eventualmente, numa próxima vez, a gente pode colocar uma frase que não gere mal-entendidos. Concordo que a frase é infeliz, ainda mais destacada do contexto. ¿Você pode estar se perguntando: `Mas eu posso falar os livro?¿. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico¿, diz a frase criticada por ela. Para Vera, a leitura integral do capítulo deixa claro que o foco é o ensino da norma culta da língua. O capítulo se chama ¿Escrever é diferente de falar¿. O professor Marcos Bagno, da Universidade de Brasília (UnB), disse que não há motivo para polêmica, porque já faz mais de 15 anos que os livros didáticos de língua portuguesa aprovados pelo MEC abordam o tema da variação linguística:

¿ Não é coisa de petista. Já no governo Fernando Henrique, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação linguística. O caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo transforma qualquer idioma usado por uma comunidade humana.

Frases

¿ Vocês estão cometendo um crime contra os jovens, prestando um desserviço à educação e desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir

Janice Ascari, procuradora da República

Eu não admito mais que alguém escreva que nosso livro não se dedica a ensinar a norma culta

Heloísa Ramos, autora do livro