Título: Além de Palocci, outros 5 ministros possuem empresas de consultoria
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Fonte: O Globo, 19/05/2011, O País, p. 4

BRASÍLIA e IPATINGA (MG). Além do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, outros cinco ministros do governo Dilma Rousseff têm empresas de consultoria. São eles: José Eduardo Cardozo (Justiça), Fernando Bezerra (Integração Nacional), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), Leônidas Cristino (Portos) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio). As empresas, de acordo com a Receita Federal, estão ativas. A informação foi divulgada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

José Eduardo é sócio da Martins Cardozo Consultores Ltda. Ele possuiu metade das cotas. A outra metade está em nome do pai dele. A descrição do objeto de trabalho do escritório, segundo a Receita Federal, é prestar "atividades de consultoria em gestão empresarial". O ministro disse que apenas dá aulas, palestras e seminários por meio de seu escritório. Ele afirmou que, caso a Comissão de Ética determine, irá alterar o contrato social.

Fernando Bezerra é sócio da Manoa Empreendimentos e Serviços. Segundo a Receita, a firma presta consultoria em gestão empresarial. O ministro disse que a empresa mantém investimentos na Excelsus Participações, do setor hoteleiro.

Moreira Franco, de Assuntos Estratégicos, é sócio, desde 1999 da Aptus Consultoria. No entanto, ele disse que, embora a firma apareça como ativa na Receita Federal, ela não funciona e nunca teve clientes.

Sócio da P-21 Consultoria com 99% do capital, o ministro Fernando Pimentel declarou que não presta serviço para nenhum cliente desde novembro do ano passado. Ele também afirmou que informou a Comissão de Ética sobre a existência do escritório.

Já Leônidas Cristino, que é dono da Ejos Construções e Consultoria, afirmou que, embora a empresa apareça como ativa, não funciona desde 2003.

Comissão de Ética foi consultada sobre empresa

Antes de assumir o cargo, Palocci consultou informalmente o presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence, sobre se poderia manter a Projeto Consultoria, empresa criada por ele em 2006, depois de deixar o Ministério da Fazenda. Sepúlveda sugeriu que ele alterasse o objeto da companhia, por entender que uma empresa de consultoria tem uma abrangência muito grande e poderia causar conflito de interesses. Ontem, Pertence informou que não daria entrevista.

Em Ipatinga, Fernando Pimentel disse não haver conflito de interesse entre a manutenção de sua empresa de consultoria e a atividade de ministro. Ele argumentou que atualmente a firma estaria inativa, sem contratos. O ministro mineiro disse que a P-21 Consultoria é mantida apenas para pagar as contribuições do INSS dele e do sócio.

- Eu não tenho, eu tinha uma empresa de consultoria que deu sustento a mim e a minha família nos dois anos de intervalo entre minha saída da prefeitura de Belo Horizonte e o momento em que assumi o ministério. Nós não podemos vedar as pessoas de ganhar a vida no momento em que elas saem da vida pública e voltam para a privada, se não você teria que impor uma quarentena eterna a ex-ministros - argumentou Pimentel.

O ministro abriu a P-21 em janeiro de 2009, com o objeto social de prestação de serviços de "consultoria, projetos, palestras, cursos e pareceres na área econômica, tributária e de gestão pública". A empresa ainda está ativa e sofreu alteração contratual em dezembro do ano passado, quando o outro sócio, Otílio Prado, assumiu a gestão.

Perguntado se cogita alterar o objeto social da empresa, descartou a possibilidade:

- Não há motivo para isso, ela não tem contrato com ninguém - respondeu o ministro, que preferiu não dizer o nome de seus ex-clientes.