Título: Mais investimento estrangeiro no país
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 19/05/2011, Economia, p. 22
BRASÍLIA e RIO. Um sinal amarelo ressurgiu como ameaça à momentânea tranquilidade do governo quanto ao câmbio. Estrangeiros voltaram a investir de forma abundante no Brasil na semana passada. Segundo o Banco Central (BC), entre segunda e sexta-feira, o fluxo cambial - entrada e saída de moeda estrangeira - ficou positivo em US$5,214 bilhões, acumulando US$8,809 bilhões no mês. No ano, o país já recebeu US$45,943 bilhões, quase o dobro do total de 2010 (US$24,354 bilhões).
O ritmo reverte a redução no ingresso de dólares em abril, que ficou em cerca de US$1,5 bilhão. Se mantido, serão reduzidas as chances de a moeda americana voltar a subir com consistência no curto prazo.
Dessa vez, a enxurrada de dólares cresceu pela conta financeira, por onde passam os investidores estrangeiros diretos e em portfólio, entre outros, com superávit de US$3,798 bilhões só na semana passada. No mês, a cifra sobe para US$4,559 bilhões, com compras de US$17,321 bilhões e vendas de US$12,762 bilhões. Com isso, especialistas dizem que o dólar deve continuar no patamar de R$1,60.
- O que está acontecendo é mais do mesmo. Ou seja, os investidores vêm para cá ganhar no diferencial de juros - diz o gerente de câmbio da corretora Liquidez, Francisco Carvalho.
Ele se refere à taxa básica de juros do país, a Selic, hoje em 12% ao ano e uma das mais elevadas do mundo. É a Selic que remunera, por exemplo, os títulos públicos comprados pelos investidores no Brasil.
Carvalho lembrou que, com a inflação pressionada, o BC continuará elevando a Selic para segurar os preços e, deste modo, acaba aumentando a atratividade para os investidores de fora. O mercado aposta que a taxa subirá para 12,50% até julho.
A conta comercial, por sua vez, registrou saldo positivo de US$1,417 bilhão na semana passada, acumulando no mês US$4,251 bilhões, ainda segundo dados do BC. As exportações chegaram a US$11,082 bilhões e as importações, a US$6,831 bilhões.
Ontem, o dólar caiu 0,61%, para R$1,612, a terceira queda seguida. No mês, a moeda sobe 2,47%, mas no ano recua 3,24%. Segundo o presidente do Grupo Fitta, André Nunes, o dólar retomou sua trajetória de queda, depois de alguns dias de alta:
- O mercado tende a se acomodar de novo abaixo de R$1,60. (Patrícia Duarte e Lucianne Carneiro)