Título: Mantega defende meritocracia para FMI
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 19/05/2011, O Mundo, p. 30

BRASÍLIA e NOVA YORK. Em carta aos ministros de Economia dos países do G-20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu que o mérito se imponha como critério para eventual substituição de Dominique Strauss-Kahn no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), e não a nacionalidade. "Já se passou o tempo em que poderia ser remotamente apropriado reservar esse importante cargo para um cidadão europeu", disse. Trata-se da primeira declaração de uma autoridade brasileira sobre a crise aberta no FMI após a prisão de DSK.

Preocupado com os rumos da sucessão no comando do FMI, Mantega destacou que a discussão não pode se restringir aos membros do G-7 e que o tema deve ser tratado no âmbito do G-20, definido por ele como o principal fórum para cooperação econômica internacional. Segundo o ministro, se "o Fundo quer ter legitimidade, seu diretor-gerente deve ser selecionado somente após ampla consulta com os países-membros".

Paralelamente, em Nova York, a camareira de 32 anos que acusa DSK de agressão sexual e tentativa de estupro compareceu ontem à Justiça para confirmar a denúncia. Os advogados da defesa anunciaram que entrarão com novo pedido de libertação mediante fiança hoje, antes do novo depoimento de seu cliente, previsto para amanhã. Segundo o procedimento judicial americano, o grande júri (um júri ampliado, selecionado dentre o mesmo grupo de pessoas que servem como jurados no júri popular) examinará provas e ouvirá também o depoimento do acusado, antes de decidir se o caso é consistente e deve seguir a julgamento.

Se confirmado, o julgamento deve acontecer dentro de seis meses. Advogados de defesa informaram à CNN que apresentarão ao juiz Michael Obus um pedido de libertação mediante fiança de US$1 milhão, a entrega do passaporte de Strauss-Kahn, e o uso de tornozeleira com chip de rastreamento, ou mesmo da aceitação de prisão domiciliar em Nova York. Pedido semelhante foi rejeitado por outra juíza na segunda-feira. Segundo o "The Times", mais uma jornalista disse ter sido alvo de uma investida sexual de DSK, que teria oferecido uma entrevista exclusiva em troca de um encontro.

O advogado da camareira, Jeffrey Shapiro, disse que a mulher teme por sua segurança, e que só soube que o agressor era o diretor do FMI horas após o ataque. O advogado de defesa, Benjamin Brafman, sinalizou que negará a tese de estupro, afirmando que as provas periciais "não serão consistentes com um encontro forçado".

A polícia de Nova York retirou parte do carpete do quarto do Sofitel, onde a tentativa de estupro teria acontecido, para exame de DNA. Segundo o relato da camareira, ela teria cuspido o esperma de Strauss-Kahn depois que ele a obrigou a praticar sexo oral. A polícia está checando os registros de abertura da porta do quarto através de cartão magnético e vai averiguar, nos computadores do hotel, se a porta foi aberta e fechada nos horários indicados pela camareira.