Título: Aliados de Yeda endossam CPI
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Fonte: Correio Braziliense, 07/08/2009, Política, p. 6

Pressionados pelas denúncias do MP contra a governadora gaúcha, PSDB e PMDB assinam o requerimento

Sem alternativa que não fosse participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pela oposição para investigar supostas irregularidades no Executivo do Rio Grande do Sul, as bancadas aliadas do governo de Yeda Crusius (PSDB) aderiram à proposta que acabou protocolada ontem. Inicialmente, vão trabalhar pela blindagem do governo e para evitar que o PT faça das sessões um palanque para 2010, quando tem no ministro da Justiça Tarso Genro um forte candidato ao Piratini. Ao mesmo tempo, deixam o caminho aberto para abandonar o barco governista e cuidar dos próprios interesses se durante as investigações aparecerem provas que comprometam a governante.

O requerimento foi elaborado pela bancada do PT no início de maio, depois de a revista Veja publicar transcrições de conversas entre o ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, morto em fevereiro, e o pivô da fraude do Detran, Lair Ferst, indicando que Carlos e Yeda Crusius teriam pago R$ 400 mil ¿por fora¿, com dinheiro do caixa dois da campanha de 2006, na compra de um imóvel. O casal Crusius nega a irregularidade.

Posteriormente a imprensa gaúcha publicou outras transcrições vazadas de processos judiciais que incriminariam auxiliares de Yeda. ¿Nos três meses em que circulou na Assembleia, o requerimento não conseguiu mais do que 17 assinaturas quando, para ser aprovado, precisaria de 19. Para aderir, os defensores do governo queriam ¿fato novo¿, que surgiu na tarde de quarta-feira, quando o Ministério Público Federal anunciou que está movendo ação de improbidade administrativa contra Yeda e mais oito pessoas, com pedido, inclusive, de afastamento do cargo e de bloqueio de bens.

Três deputados do PDT assinaram imediatamente. Como a adesão dos três pedetistas aprovava a criação da CPI, as bancadas contrárias reavaliaram suas posições. Ontem, assinaram o requerimento nove deputados do PMDB, seis dos nove do PP mais três dos cinco do PTB. Em apenas um dia o número de adesões à proposta passou de 17 para 38. O parlamento gaúcho tem 55 cadeiras.

Sucessão Segundo o líder de bancada Gilberto Capoani, o PMDB entra na CPI para esclarecer as denúncias e segue participando da administração estadual para ¿garantir a governabilidade¿. O partido já definiu que sairá do governo porque terá candidatura própria à sucessão de Yeda em 2010. Por enquanto, o PMDB tem três secretários no governo e entende que um deles, Osmar Terra, da Saúde, não pode largar a pasta no momento em que o estado enfrenta epidemia de gripe A H1N1. Apesar das negativas, o partido vai discutir o assunto num encontro marcado para quinta-feira da semana que vem.

A governadora Yeda Crusius (PSDB) acusou os seis procuradores da República que pediram seu afastamento de terem armado um ¿circo político¿ e de extrapolarem suas funções, deixando que eventuais desejos políticos pessoais contaminassem seus papéis de defensores do direito. Também desafiou o Ministério Público Federal a se manifestar, como instituição, sobre os ¿excessos¿ que seus integrantes teriam cometido. ¿Eles jamais poderiam se comportar como juízes, fazendo uso precipitado da palavra réu antes de protocolarem ação na Justiça de Santa Maria e antes de a juíza Simone Barbisan, que vai analisar o caso, se manifestar¿, comentou. Yeda disse, ainda, acreditar que, como há uma campanha eleitoral antecipada no estado e no país, os procuradores não podiam tomar posição.

Desvio de recursos A ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público cita, além de Yeda, o marido da governadora, Carlos Crusius, a assessora especial Walna Vilarins Meneses, o ex-secretário-geral de governo Delson Martini, o presidente do Tribunal de Contas João Luiz Vargas, o deputado federal José Otávio Germano (PP), os deputados estaduais Frederico Antunes (PP) e Luiz Fernando Zachia (PMDB) e o tesoureiro da campanha do PSDB em 2006, Rubens Bordini. As acusações são de favorecimento em licitações e desvio de verbas públicas.