Título: Maluf vira alvo do assédio de PMDB e PSDB
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 23/05/2011, O País, p. 11

Reconduzido à presidência do PP, deputado defende Palocci e diz querer alianças: "É um período de namoro"

SÃO PAULO. Em meio ao rearranjo dos partidos políticos no país, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) recebeu ontem em São Paulo - na convenção que o reconduziu à presidência do Partido Progressista no estado - as visitas do vice-presidente da República, Michel Temer, também presidente nacional do PMDB, e do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB). Quarta maior agremiação política do país, atrás de PT, PMDB e PSDB, o PP de Maluf virou alvo do assédio de vários partidos, e seu presidente avisou logo: ele quer namorar.

- Esse período antes de eleição é um período de namoro - disse Maluf, enumerando as qualidades do partido pretendido: a quarta maior bancada na Câmara dos Deputados, um tempo de televisão e de rádio "bastante bom" e ainda "uma classe política muito atuante". Mas o deputado - que responde a vários processos por corrupção e desvio de verbas públicas - deixou bem claro o requisito mais importante para conseguir namorar com o PP:

- Nós, que somos do bem, faremos coligação com quem for também do bem.

Colocando-se como pretendente oficial, Michel Temer fez questão de dizer que o PP é um aliado na área nacional, que ajudou a presidente Dilma Rousseff nas eleições do ano passado, que tem colaborado com o governo, e com quem o seu partido, o PMDB, está começando a conversar a respeito das eleições municipais de 2012.

- Vamos começar a conversar. O PP é um partido que sempre colabora politicamente e administrativamente, um partido importante para qualquer tipo de aliança - disse.

Alckmin, que disputa a liderança nacional do PSDB com o senador Aécio Neves (MG) e o ex-governador paulista José Serra, sonha com um namoro que, se possível, o ajude a chegar a Brasília em 2014.

- O PP tem identidade clara, propostas muito claras para o Brasil. Na defesa dos empregos, dos empreendedores, da agricultura brasileira, da indústria nacional, da geração de emprego e renda. A democracia precisa de partidos com clareza de propostas. Isso é bom para o Brasil - disse o governador.

Como estava paquerando, Alckmin, que afirmou ter "a alegria" de já receber apoio do PP na Assembleia Legislativa, não quis comentar a possibilidade de fusão entre PSDB e DEM:

- A gente não pode falar em fusão, seria deselegância. Tudo tem seu tempo e cada um tem seu caminho - disse.

Mais afoito na arte da conquista, o deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) já foi logo apresentando seus predicados ao chegar ao lado do vice-presidente Michel Temer.

- Vou me filiar ao PMDB no dia 4 de junho. A gente vai fazer uma grande festa na Assembleia. E eu sou pré-candidato a prefeito de São Paulo.

Quando ficou sabendo que Maluf e seu PP querem namorar, o sem-cerimônia Chalita se assanhou:

- Vamos namorar! Namorar é bom, né?

"Confio plenamente na integridade do ministro"

A convenção transformou-se num palco para manifestações de apoio ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Maluf disse que acredita na integridade de Palocci.

- Confio plenamente na integridade do ministro Palocci - afirmou, em opinião compartilhada pelo presidente nacional do PP, senador Francisco Dornelles (RJ).