Título: Dívidas fazem Bertin perder 2 usinas
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 25/05/2011, Economia, p. 28

Aneel pune grupo, que deve R$170 milhões em comercialização de energia

BRASÍLIA. O conselho diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revogou ontem a autorização de funcionamento das usinas termelétricas Maracanaú e Borborema, do grupo Bertin, que está inadimplente em R$170 milhões no mercado brasileiro de comercialização de energia. A dívida foi contraída junto à Chesf. Se o Bertin conseguir acordo com a subsidiária da Eletrobras até 6 de junho e quitar o débito, o órgão regulador arquivará o processo e permitirá operações nas duas unidades.

O relator da matéria na Aneel, Edvaldo Santanna, disse que recebeu um e-mail do Bertin no qual o grupo privado informa que está negociando com a Chesf o pagamento da dívida, o que foi confirmado pela estatal. Por isso, foi criada a brecha na decisão de ontem. O débito do Bertin representa cerca de 60% da inadimplência registrada na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O Bertin vem enfrentando sucessivos problemas financeiros. Foi obrigado a deixar a sociedade na Hidrelétrica de Belo Monte e atrasou a entrada em operação de outras seis usinas a óleo este ano, o que obrigou o grupo a pagar R$71 milhões à CCEE.

Maracanaú e Borborema deveriam ter começado a funcionar em janeiro de 2010, mas o Bertin alegou que a crise financeira de 2008 dificultou a obtenção de financiamento para a conclusão das obras. A Aneel cobrou mesmo assim a entrega da energia - que é vendida em leilão muito tempo antes de o empreendimento estar funcionando - aos clientes.

Para compensar o atraso das térmicas, que só ficaram prontas em novembro e dezembro, o Bertin comprou energia da Chesf no primeiro semestre do ano passado e apresentou os contratos da negociação à CCEE, como garantia do cumprimento de sua obrigação. Porém, os documentos não foram registrados porque o grupo privado não pagou seu débito.