Título: Novo capítulo de uma longa novela
Autor: Rosa, Bruno; Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 25/05/2011, Economia, p. 23

Grupo tenta há cinco anos enxugar estrutura societária, mas minoritários resistem

Não é primeira vez que a Oi tenta simplificar sua estrutura societária. A novela começou há cinco anos, mesmo antes de comprar a Brasil Telecom (BrT). Em abril de 2006, a empresa viu fracassar a tentativa de reunir todas as ações em uma só. Depois, em julho de 2007, a Telemar Norte Leste (ou seja, a empresa que reúne as operadoras do grupo) conseguiu comprar das mãos dos minoritários apenas um quarto dos papéis preferenciais (sem direito a voto). Em outubro do mesmo ano, novo fracasso no plano de recompra das ações preferenciais da holding Tele Norte Leste. Essa oferta precisava alcançar dois terços dos papéis em circulação.

Em abril de 2008, a Oi comprou a BrT, formando a supertele. Em janeiro de 2010, suspendeu o processo de incorporação das ações da ex-concorrente após identificar alta de mais de 100% nas despesas provisionadas relativas a 103 mil processos judiciais contra a BrT. As provisões subiram de R$1,2 bilhão para R$2,5 bilhões. Então, a Oi refez a relação de troca, reduzindo o valor aos minoritários da BrT. Os minoritários argumentaram que a Oi, como empresa controladora, também deveria assumir esse ônus.

Em junho do ano passado, após nova tentativa, cerca de 80% dos acionistas minoritários da BrT recusaram uma nova relação de troca entre as ações das duas companhias. Os minoritários, que vetaram o negócio, concordavam que a complexidade societária era ruim para todos, mas diziam que a fusão deveria ser equitativa. Na época, já se esperava que a Oi fizesse uma nova proposta em um ano.

Em outubro de 2010, a venda da BrT para a Oi foi finalmente aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por unanimidade. Em janeiro deste ano, após quase seis meses de negociação, a Portugal Telecom (PT) entrou no capital da Oi, comprando cerca de um quarto da holding e reduzindo a participação do governo. A Oi, por sua vez, vem comprando participação na PT para chegar a 10%.