Título: Ministra de Finanças da França lança sua candidatura para comandar FMI
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Fonte: O Globo, 26/05/2011, Economia, p. 29
UE apoia Lagarde, mas emergentes descartam europeu. Itália fará corte de 40 bi
PARIS, BRASÍLIA e ROMA. A ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, entrou ontem oficialmente na disputa pela chefia do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ela já tem o apoio unânime da União Europeia (UE) e, segundo diplomatas, dos Estados Unidos e da China - apesar de esta ter se unido a Brasil, Rússia, Índia e África do Sul em um comunicado pedindo o fim do acordo informal que garante aos europeus a direção do FMI.
- É um desafio imenso, do qual me aproximo com humildade e com esperança de obter o maior consenso possível - afirmou Lagarde, acrescentando que, se eleita, buscará "maior representatividade e flexibilidade" no FMI.
Os países do Bric e a África do Sul vêm criticando a predominância europeia no Fundo, mas não obtiveram consenso sobre um candidato. O México já apresentou seu nome: Agustín Carstens, o presidente do Banco Central do país. África do Sul e Cazaquistão também devem lançar candidatos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem ser positivo que a disputa pelo comando do FMI tenha mais de uma candidatura. Ele disse já ter conversado com Carstens, que deve vir ao Brasil na semana que vem. Mantega também conversou com Lagarde, mas antes de ela apresentar sua candidatura.
- O importante para nós, mais do que nomes, são os compromissos que eles vão assumir em relação a uma agenda para o FMI. O Fundo tem uma agenda de reformas, de reestruturação, de participação maior dos países emergentes - disse Mantega.
Lagarde ressaltou que está concorrendo para servir a todos os membros do FMI e não apenas à Europa:
- Ser europeia não deveria ser uma qualidade a mais, mas também não deveria ser uma qualidade a menos.
Com relação a uma investigação por abuso de autoridade na França, Lagarde disse ter a consciência limpa e confiar na Justiça.
Jornais: Itália terá ajuste drástico no déficit público
Além do acordo informal que divide o comando de FMI e Banco Mundial entre Europa e EUA, respectivamente, um dos argumentos da UE para manter o Fundo em mãos europeias é a crise da dívida na zona do euro. O alvo das atenções agora é a Itália.
Os jornais "Il Sole 24 Ore" e "La Stampa" afirmaram ontem que o governo italiano lançará em junho, por decreto-lei, um plano de ajuste de 40 bilhões. A maior parte dos cortes - 35 bilhões - seria efetuada na biênio 2013-2014, com o objetivo principal de reduzir a dívida pública do país, de aproximadamente 120% de seu Produto Interno bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos). O déficit público passaria dos atuais 4,6% a 0,5% do PIB em 2014. (Martha Beck, com agências internacionais)