Título: Apesar da menor taxa de desemprego, mercado de trabalho patina em abril
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 27/05/2011, Economia, p. 26

Rendimento caiu 1,8% frente a março. Para analista, inflação contribuiu

O mercado de trabalho ficou estagnado em abril. Com 1,5 milhão de desempregados nas seis regiões metropolitanas do país, a taxa de desocupação medida pelo IBGE foi de 6,4% em abril - a menor desde 2002 para um mês de abril. Trata-se de uma estabilidade frente a março (6,5%). Mas, ao mesmo tempo, traz uma melhora quando se observa o mesmo mês do ano passado (7,3%). Já o rendimento médio (R$1.540) caiu 1,8% na comparação mensal, porém, subiu a mesma magnitude frente a abril de 2010. Para analistas, os ganhos menores podem ser reflexo da inflação.

- Em abril, o aumento da ocupação não foi suficiente para atender à demanda por empregos. Então, a taxa de desocupação continua no mesmo patamar de março - disse Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, acrescentando que a taxa média do ano (6,4%) é a menor da série.

Trabalhadores com carteira já são 48,4% dos ocupados

Azeredo acrescenta que o mercado de trabalho segue mais formal. Apesar da estabilidade na comparação com março, há avanços frente a abril de 2010. Os 10,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado representam um contingente 6,8% maior do que em abril do ano anterior. Pela pesquisa, esses formais já são 48,4% da população ocupada.

- A tendência de aumento da formalidade continua - comentou Azeredo.

Na avaliação de Heron do Carmo, professor da USP, a taxa de desemprego deve se manter nesse patamar nos próximos meses. Para ele, os rendimentos menores dos trabalhadores podem pressionar menos a inflação.

- A renda menor e as medidas para segurar o consumo vão contribuir para segurar a inflação, especialmente a de serviços - disse Carmo, acrescentando que os rendimentos menores são reflexo da inflação. - Apesar da taxa mais estável, não há desalento.