Título: Estatal enfrenta maré de denúncias e punições
Autor: Almeida, Cássia; Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 27/05/2011, Economia, p. 25

Empresa foi obrigada a anunciar reforma de duas plataformas após fotos revelarem equipamentos deteriorados

A Petrobras enfrenta uma série de denúncias de problemas em suas plataformas desde o ano passado, quando o Sindicato do Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF) acusou a estatal de descumprir um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em 2006, segundo o qual todos acidentes de trabalho na Bacia de Campos, inclusive de funcionários terceirizados, seriam registrados e rapidamente comunicados à entidade. Em 14 de julho, ocorreu uma explosão na P-33. No mês seguinte, a Superintendência Regional do Trabalho autuou a companhia e interditou vários equipamentos da plataforma, parando sua produção de gás. Porém, poucos dias depois, a empresa conseguiu na Justiça de Macaé uma liminar que permitiu a retomada das operações.

Em 11 de agosto, após O GLOBO publicar fotos revelando a deterioração de equipamentos na P-33, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) interditou a plataforma. Na época, a Petrobras alegou que as instalações mostradas estavam temporariamente desativadas e não apresentavam riscos, mas acabou anunciando, naquele mesmo mês, a reforma da P-33 e também da P-31, apelidada de "sucatão" por petroleiros. A falta de manutenção nos pisos e guarda-corpos da unidade levou a companhia a receber quatro autos de infração de fiscais.

Em setembro, o Sindipetro NF apresentou ao Ministério Público do Trabalho um pedido de interdição de uma outra plataforma, a P-35. De acordo com o sindicato, a unidade apresentou vazamento de gás e teve acidentes com dois petroleiros. Um deles teria quebrado um braço ao cair de uma escada quando fazia uma auditoria interna sobre as condições de segurança. A Petrobras alegou que os degraus tinham bordas antiderrapantes e que ele se desequilibrou. O outro, um funcionário terceirizado, sofreu fratura exposta em uma perna quando, segundo o Sindipetro NF, uma porta de 250 quilos se soltou. Nesse caso, a estatal afirmou que houve "pequena falha de montagem" e confirmou o vazamento de gás na P-35, que levou à suspensão da produção.

Este ano, a plataforma Cherne II também teve a produção paralisada, por causa de um incêndio ocorrido em 19 de janeiro, provocado por um defeito em uma bomba de transferência de petróleo. A Capitania dos Portos em Macaé só foi comunicada sobre o acidente no dia seguinte. Um mês depois, um trabalhador terceirizado da P-38 fraturou uma rótula. Depois do acidente, ele ainda ficou três dias embarcado.