Título: Dilma chama governadores e prefeitos
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Fonte: O Globo, 30/05/2011, O País, p. 5

Para mostrar comando, presidente discutirá Copa

Maria Lima, Vivian Oswald e Catarina Alencastro

BRASÍLIA. Antes de embarcar para uma viagem de 30 horas ao Uruguai, hoje, a presidente Dilma Rousseff terá um encontro reservado com o vice-presidente, Michel Temer, na Base Aérea de Brasília. Será a primeira reunião com o vice depois do enfrentamento dele com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, quando este transmitiu ao peemedebista a ameaça de demitir o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, se o PMDB não desistisse de aprovar a anistia a desmatadores no Código Florestal. Segundo interlocutores do Planalto, no primeiro encontro os dois "vão tirar a pintura de guerra", ou seja, tentarão apaziguar os ânimos entre governo e PMDB . A estratégia é ambos aparecerem sorridentes na passagem do cargo. No sábado, ela deu o primeiro passo para acabar com a tensão ao ligar para Temer.

Para mostrar que está no comando do governo depois da intervenção branca do ex-presidente Lula, na semana passada, além do encontro com o PMDB, a presidente Dilma reunirá, terça-feira, governadores e prefeitos de capitais onde serão realizados jogos da Copa de 2014.

À noite, já como presidente da República interino, Temer reúne todo o PMDB do Senado. Na quarta-feira, todos almoçam com Dilma no Palácio da Alvorada. A ideia de Temer é conduzir essa reaproximação mostrando força e unidade no PMDB. Até mesmo os oito rebeldes do Senado que estão insatisfeitos com o domínio do partido nas mãos do líder Renan Calheiros (AL) e de José Sarney (AP) estarão presentes. Só o dissidente Jarbas Vasconcelos (PE) não deverá comparecer aos dois encontros.

- O Renan me ligou na quinta-feira chamando para o almoço com Dilma, e eu lhe disse que não vou porque não pertenço à base do governo. Os outros descontentes não têm por que não ir. Votam com o Governo e estão insatisfeitos é com Renan e Sarney - disse Jarbas.

No telefonema para Temer, Dilma sinalizou que, no almoço que terá com os senadores do PMDB, na quarta, deixará claro que a partir de agora tudo será diferente: garantiu que a discussão do Código Florestal no Senado se dará de forma mais profunda, coordenada, e que prevalecerá o diálogo.

- A solidariedade a Temer já é patente. Esse não é o motivo da reunião com Dilma. Os senadores vão lá ouvir o que a presidente tem a dizer - disse um dirigente peemedebista.