Título: Código pode agravar situação, dizem ecologistas
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 30/05/2011, O País, p. 3

BRASÍLIA. O Governo ainda vê com cautela eventuais ligações dos assassinatos de trabalhadores rurais no Norte do país com as novas regras do Código Florestal, em tramitação no Congresso. Para Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica, os conflitos na região amazônica têm como eixo o descontrole fundiário no Norte do país. O problema, diz, foi agravado com o aumento do preço da terra no Sul e Sudeste, levando para a floresta amazônica uma enxurrada de produtores rurais. A reforma do Código, em sua opinião, pode agravar a situação por retirar do governo o controle sobre o que pode ser feito nas propriedades.

- Se você faz uma lei que valoriza a ocupação e o descontrole do Estado, prerrogativa que foi retirada do Código, a situação se agrava. A insegurança que isso gera no campo, somada ao problema fundiário, é nitroglicerina pura, um desastre anunciado.

Já André Lima, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), diz que é prematuro ligar os assassinatos em assentamentos extrativistas com a discussão no Congresso. Mas, segundo ele, o texto que segue para apreciação do Senado pode gerar mais insegurança:

- O dilema na discussão do Código é o de criar facilidades na lei para consolidar situações que geram conflitos, como grilagem de terra e venda clandestina de madeira, que foi a motivação de assassinatos em Nova Ipixuna.

Em artigo publicado no fim de semana no diário britânico "The Guardian", o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, alerta que a tragédia de Nova Ipixuna é um aviso do que pode vir a acontecer na floresta se a impunidade for legitimada. O ambientalista se refere à previsão da emenda 164, do PMDB, aprovada junto com o relatório de Aldo Rebelo, de anistiar quem desmatou em áreas de preservação.