Título: Justiça solta envolvidos em fraudes em Campinas
Autor: Simionato, Maurício ; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 28/05/2011, O País, p. 4

CAMPINAS. Os últimos quatro presos por envolvimento em fraudes em contratos públicos na prefeitura de Campinas foram soltos ontem por decisão judicial, uma semana depois da operação deflagrada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. Entre os liberados estava o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), preso anteontem à noite após desembarcar no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos.

Além de Vilagra, tiveram suas prisões revogadas o ex-diretor de Planejamento Urbano da prefeitura de Campinas, Ricardo Cândia, o empresário Gabriel Ibrahim Gutierrez, da Gutierrez Empreendimentos e Participações Ltda, também preso no Aeroporto de Guarulhos, e o ex-diretor financeiro da Sanasa (companhia de saneamento), Marcelo de Figueiredo.

Gutierrez havia sido preso na manhã de ontem após desembarcar do Aeroporto Internacional de Cumbica, vindo de Portugal. Ao todo, 13 pessoas foram detidas na operação.

Ontem, dois dos principais envolvidos no suposto esquema de fraudes em contratos públicos, Vilagra e o empresário e pecuarista José Carlos Marques Bumlai foram ouvidos pelo MP. Vilagra foi questionado sobre os R$20 mil que teria recebido de empresários para pagar contas de campanha e sobre R$60 mil em dinheiro que foram encontrados dentro de sua casa.

O advogado de Vilagra, Ralph Tórtima, disse que o cliente negou aos promotores que tivesse recebido o dinheiro. Sobre os R$60 mil, o advogado declarou que são provenientes de venda de bens por parte do vice. O empresário Bumlai também negou aos promotores participação nos crimes. Ele é citado em um relatório do MP como "diretamente envolvido com a organização".

Num dos trechos de uma escuta telefônica que consta no relatório, interlocutores falam que Bumlai quer delação premiada do MP para "proteger Lula". Após três horas depoimento, Bumlai saiu sem falar com a imprensa. Seu advogado, Mário Sérgio Duarte Garcia, disse que ele "não pediu delação premiada" e "não tem qualquer relação com os envolvidos" no caso.