Título: Petistas receberam doações suspeitas na eleição
Autor:
Fonte: O Globo, 05/06/2011, O País, p. 18
Empresa em nome de motoboy e bombeiro doou R$650 mil, beneficiando Agnelo Queiroz e Ricardo Berzoini
O GOVERNADOR Agnelo Queiroz: doação de R$300 mil da M Brasil
RIO e BRASÍLIA. Quatro integrantes de peso do PT receberam doações suspeitas na última campanha eleitoral . Segundo reportagem publicada na última edição da revista ¿Época¿, a empresa M Brasil Empreendimentos, Marketing e Negócios, com sede no Rio de janeiro, doou R$300 mil ao comitê do governador eleito de Brasília, Agnelo Queiroz; R$100 mil ao Diretório Nacional do PT; e R$50 mil ao deputado paulista Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT.
Outros dois representantes petistas receberam R$100 mil cada um: o deputado distrital Chico Vigilante, de Brasília, e o candidato derrotado a deputado federal pelo Espírito Santo Guilherme Lacerda, ex-presidente do fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, o Funcef. No total, a M Brasil somou R$650 mil em doações a petistas.
M Brasil ganhou R$67 milhões em dois anos
A empresa está registrada em nome de um motoboy e de um sargento do Corpo de Bombeiros da Bahia, ambos com residência registrada na periferia de Salvador. Segundo a reportagem, há recibos comprovando as transferências para os políticos do PT. À revista ¿Época¿, Berzoini afirmou que não conhece a M Brasil, nem seus sócios. Guilherme Lacerda e Chico Vigilante também não lembraram de nada. ¿O importante é que foi uma doação legal, não pedi e não sei quem fez. Essa situação só vai mudar quando for aprovado o financiamento público de campanha¿, disse à revista Vigilante.
Outro nome citado como sócio da M Brasil é o radialista Jair Marchesini, que concorreu ao mandato de deputado federal pelo PDT, em 2006. Segundo a reportagem, Marchesini foi quem recrutou o bombeiro e o motoboy para criar a M Brasil e outras quatro empresas. Marchesini negou que estivesse usando os dois sócios como laranjas. ¿Não é nada disso. Eles seriam meus sócios, me ajudariam a dirigir as empresas aqui no Rio¿, alegou o radialista à ¿Época¿.
Marchesini também é sócio do empresário carioca Pedro Barenboim, dono de uma distribuidora de medicamentos e de uma rede de farmácias no Estado. As firmas ligadas ao Grupo Barenboin obtiveram um resultado fora do comum. Há três anos, estavam quase falidas, quando Barenboim comprou por R$1.000 o controle da M Brasil, de Marchesini. Alguns dias depois, o primeiro de sete contratos com fundos de pensão foi firmado. Nos contratos, os fundos compraram títulos imobiliários da M Brasil, que renderam R$67 milhões à empresa, entre 2008 e as eleições do ano passado.
Sobre as doações de campanha no valor de R$650 mil, Pedro Barenboim disse à ¿Época¿ que ajudou o PT por ser um fã do ex-presidente Lula. E declarou ter doado para a campanha de Agnelo ¿porque ele fez um bom trabalho no governo¿.
Agnelo Queiroz foi ministro do Esporte no primeiro governo Lula e diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no segundo mandato do ex-presidente. À frente da Anvisa, ele assinou ato que beneficiou a empresa do Grupo Barenboim, contrariando regras da própria agência. Em dezembro de 2009, renovou a autorização de funcionamento da M Brasil. No ano passado, já com Agnelo fora do comando da instituição, a Anvisa indeferiu um novo pedido de renovação. A razão do veto: uma norma da agência impede que uma empresa seja, ao mesmo tempo, distribuidora de medicamentos e farmácia. Parceiro de Barenboim na M Brasil, Marchesini disse à Época que pretende reverter essa proibição na Justiça.
Agnelo afirma que seus atos na Anvisa foram legais
Por intermédio de seu advogado, Luis Alcoforado, o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, afirmou à ¿Época¿ que os atos assinados quando ele estava à frente da Anvisa são legais e legítimos. ¿É um tempo considerável para querer identificar conexão entre o ato e a doação. Ninguém sabia, em dezembro de 2009, que Agnelo seria candidato a governador¿, disse Alcoforado. O advogado frisou que Agnelo não conhece Pedro Barenboim.
Já o empresário responsável pelo Grupo Barenboim, controladora da M Brasil, afirmou à ¿Época¿ que não houve qualquer relação entre a ação de Agnelo, durante sua gestão na Anvisa, e as doações à campanha do atual governador de Brasília. E acrescentou que ¿nem sabia que ele (Agnelo) foi diretor da Anvisa¿.
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