Título: O melhor do ano já passou
Autor: Ribeiro, Fabiana ; Spitz, Clarice
Fonte: O Globo, 04/06/2011, Economia, p. 33

Empresários se preparam para economia mais desaquecida

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Entidades que representam o setor industrial nacional afirmaram ontem que o quadro de crescimento ainda robusto no primeiro trimestre não será repetido. A expectativa é de desaceleração. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), pesquisas como a Sondagem Industrial e o Índice de Confiança do Empresário mostram ritmo da atividade menor a partir de abril.

Segundo o presidente da CNI, Robson Andrade, a alta de 1,3% no PIB do primeiro trimestre na comparação com o último trimestre de 2010 já é resultado da política de juros elevados e de problemas da economia:

- Problemas no câmbio e na infraestrutura, impostos e juros elevados. Isso tudo faz com que a economia brasileira comece a dar sinais de enfraquecimento e de que, no futuro, a situação poderá não ser tão boa como no ano passado.

A CNI só revisou para cima suas projeções porque estava mais pessimista que a média dos economistas. O setor industrial deve crescer 3,2%, com alta do PIB do país de 3,8%. Em abril, a expectativa da CNI era que a indústria tivesse alta de 2,8% e a economia crescesse 3,5%.

Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) previu que o PIB da indústria cresça 3%, com alta de 4,1% para a economia em geral. Para o presidente da entidade, Paulo Skaf, a indústria vai continuar sofrendo com a enxurrada de produtos importados em função do câmbio e o déficit externo do setor pode fechar o ano em US$100 bilhões.

Jorge Gerdau, coordenador da Ação Empresarial, disse que o crescimento do PIB no começo do ano foi bom em relação ao esforço do governo para reduzir a inflação:

- O governo está fazendo esse exercício de balancear o crescimento e diminuir a pressão inflacionária. É um jogo de equilíbrio.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Simão, foi mais otimista. Segundo ele, o setor deve fechar 2011 com um crescimento de 6%.

Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o crescimento do PIB do começo do ano reflete o bom desempenho da safra 2010/2011, que deverá atingir 159 milhões de toneladas. A estimativa da entidade é que o PIB da agropecuária feche 2011 com alta de cerca de 9%.