Título: O país precisa de um choque de gestão
Autor: Sorano, Vitor
Fonte: O Globo, 04/06/2011, O Mundo, p. 42

LISBOA. Braço-direito do candidato a premier Pedro Passos Coelho, o secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, vende o país como ponte do Brasil para África e Europa. Ele assegura que Portugal vai pagar a dívida.

O PSD conseguirá uma maioria absoluta?

MIGUEL RELVAS: Trabalhamos e lutamos por isso. Mas, com maioria ou sem maioria, vamos ter no governo o CDS/PP(partido conservador à direita do PSD).

É possível coligação com o PS?

RELVAS: Não. Isto não é uma salada russa.

A vitória do PSD, se vier, não vai ser tão estrondosa como a do Fine Gael na Irlanda. Por quê?

RELVAS: A realidade é diferente. Espero uma vitória clara e significativa, mas o importante não é ter razão da força, é ter a força da razão. Portugal precisa não só de uma maioria, precisa de um projeto.

Como o PSD vai estreitar as relações com o Brasil?

RELVAS: Estimulando a proximidade entre empresas. O continente africano está condenado a crescer. O Brasil está também despertando para isso. Juntos podemos fazer mais. Portugal pode ser uma porta de entrada para empresas e produtos brasileiros na Europa. A dimensão das empresas brasileiras pode ser um forte impulso para as portuguesas olharem para mercados mais ambiciosos.

Que margens de manobra imagina ter com a troika (nome dado ao comitê formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI para a intervenção em Portugal)?

RELVAS: A troika quer que Portugal pague o que recebeu. Queremos ir mais longe. Portugal precisa que o Estado emagreça, pois quem gera riqueza são as empresas e as pessoas. O Estado gasta e nem sempre gasta bem. Portugal precisa de um choque de gestão. Como o Aécio Neves fez em Minas Gerais. O empréstimo é uma oportunidade.

Flexibilizar prazos impostos pela troika está na agenda do PSD?

RELVAS: Hoje os nossos parceiros europeus sabem que é mais fácil cumprir com um governo do PSD do que com um governo do PS.

Há hipótese de que Portugal tenha de reestruturar a dívida, como a Grécia?

RELVAS: É uma questão que não existe, porque nós vamos cumprir. (V.S.)