Título: Mantega recebe mexicano e defende maior participação emergente no FMI
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 02/06/2011, Economia, p. 26

Candidato ao comando do Fundo promete manter agenda de reformas

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem que os países emergentes, especialmente os latino-americanos, tenham mais cargos de chefia dentro da estrutura do Fundo Monetário Internacional (FMI). Esta foi uma das exigências apresentadas aos candidatos ao comando do Fundo, como revelou o GLOBO na terça-feira. Em entrevista com o presidente do Banco Central mexicano e candidato ao comando do FMI, Agustín Carstens, Mantega afirmou que essa é uma forma de os emergentes participarem mais diretamente das decisões.

- O FMI tem 24 chefias de departamento e nenhum diretor é brasileiro. Também nenhum é mexicano. Nós pleiteamos uma representação maior, uma presença maior nas diretorias e também na vice-presidência. As decisões importantes não são só aquelas tomadas nos comitês, mas também no dia a dia da instituição - disse o ministro.

Mostrando um discurso afinado, Mantega e Carstens, que veio ao Brasil pedir apoio à sua candidatura, lembraram que o FMI precisa reconhecer os avanços feitos pelos emergentes nos últimos anos, especialmente durante a crise mundial de 2008.

- Resolvemos os problemas que tivemos em décadas passadas, tomando decisões importantes sem recebermos o apoio do FMI. O que peço agora é que os membros do Fundo tenham a mente aberta para considerar um mexicano como diretor-gerente ainda que a Europa tenha problemas - apelou Carstens.

Segundo Mantega, o FMI já fez avanços ao aceitar a adoção de políticas fiscais anticíclicas, o aumento de reservas internacionais e o controle de capitais para equilibrar o câmbio:

- Gostaríamos que o Fundo continuasse com essa filosofia.

Carstens disputa o cargo de diretor-gerente com a ministra da Economia francesa, Christine Lagarde, apoiada pela comunidade europeia na disputa. Ela também visitou o Brasil esta semana para pedir apoio. Mantega afirmou que o governo ainda não tem uma posição fechada, mas elogiou a candidatura mexicana.

Carstens disse que está comprometido com a agenda de reformas do FMI e defendeu que seja acelerada para que os emergentes aumentem sua participação mais rapidamente.