Título: O turismo investe no Brasil
Autor: Moysés, Mário Augusto Lopes
Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2009, Opinião, p. 23

Os resultados obtidos pelo turismo brasileiro nos últimos seis anos mostram a importância das políticas públicas elaboradas para o desenvolvimento da atividade econômica, cuja oferta de serviços é essencialmente promovida pela iniciativa privada. O desempenho do setor é exemplo dos efeitos positivos dessas políticas, construídas sobre a base de amplo diálogo entre agentes públicos da União, estados e municípios, empresários, trabalhadores, entidades representativas do setor, e incorpora a contribuição das universidades e institutos de pesquisa.

Desde a criação do Ministério do Turismo, em 2003, e cumprindo o que estabelece o Plano Nacional de Turismo, tem se investido como nunca na qualificação e na capacitação profissional, na infraestrutura turística de nossos destinos, na promoção do Brasil no exterior e no crescimento do mercado doméstico.

Campanhas publicitárias promovem o Brasil no exterior e trazem importantes resultados. Em 2008, 5 milhões de turistas estrangeiros visitaram o país, deixando US$ 5,78 bilhões em divisas, 16,8% a mais do que em 2007. O valor é recorde histórico desde que o Banco Central iniciou a medição, há 40 anos, e deu ao turismo o quinto lugar na pauta de exportações brasileira, atrás apenas do minério de ferro, petróleo, soja e carne de frango.

Outro indicador evidencia o sucesso do trabalho, que é feito pela Embratur, autarquia vinculada ao ministério: o Brasil ingressou, desde 2006, no ranking dos 10 maiores promotores de eventos internacionais, de acordo com a International Congress and Convention Association (ICCA). Em 2003, estávamos no 19º lugar. Em 2008 ocupamos o 8º posto.

É importante lembrar que a visita de estrangeiros corresponde a 15% das receitas do setor, até mesmo em razão da distância do Brasil dos grandes centros emissores, como a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos. É o turismo doméstico, entretanto, o responsável pela maior parte das receitas do turismo, 85%, e seu crescimento tem sido relevante.

Diante do cenário de crise econômica internacional e mesmo considerando a gripe suína, que provocou impactos importantes em alguns países, as viagens domésticas mantiveram o setor aquecido, com bons índices de ocupação hoteleira nas várias regiões do país. Um indicador desse dinamismo é o número de desembarques em voos domésticos, que registrou crescimento de 1,34%, comparando-se o 1º semestre de 2009 com o mesmo período de 2008.

Campanhas publicitárias que incentivam o brasileiro a conhecer o Brasil, programas para estimular a ocupação hoteleira em períodos de baixa temporada, construção de equipamentos como centros de feiras e eventos para atrair turistas em qualquer época do ano, melhoria da infraestrutura pública nos destinos, combinados a investimentos dos governos locais e ao dinamismo de setor privado têm permitido que o turismo responda positivamente ao cenário de crescimento que, nos últimos anos, resultou no acesso de 20 milhões de brasileiros à classe média.

Grande parte dos investimentos do Ministério do Turismo são em obras de infraestrutura, indispensáveis para tornar o turismo viável nas cinco regiões brasileiras. O Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), que nasceu voltado para o Nordeste, hoje ganhou abrangência nacional e conta com US$ 1 bilhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A esse recurso, o ministério acrescenta cerca de US$ 660 milhões, como contrapartida para os estados e municípios.

De 2004 a 2008, a execução orçamentária do ministério passou de R$ 374,6 milhões a R$ 2,374 bilhões. Há obras como a Ponte Joel Silveira, em Aracaju (SE) e a Avenida Borges Medeiros (avenida central) em Gramado (RS). Há verbas do turismo na reurbanização das praias de Olinda (PE), nas estradas-parques do Rio de Janeiro, na implantação de sinalização turística em Curitiba (PR), na Ponte Itacaré-Camamu (BA), na ampliação do aeroporto de Caldas Novas (GO), na via elevada e na orla de Maceió (AL), entre outras obras.

O ministério também deverá dar importante contribuição para que a Copa do Mundo de Futebol de 2014 ajude a desenvolver o turismo e consolide o país como destino de viagens. Serão investidos recursos adicionais nas cidades-sede e nos demais destinos indutores do turismo para capacitação e qualificação profissional, promoção do país e infraestrutura. O ministério também atuará criando políticas para que a rede hoteleira possa melhor se estruturar.

A ação do ministério adquire maior amplitude e capilaridade por meio de emendas parlamentares que reforçam o orçamento e permitem que a instituição cumpra a missão de desenvolver o país, gerando riqueza, emprego e renda. As iniciativas baseiam-se em estudos técnicos como o Estudo de Competitividade dos 65 Destinos Indutores de Desenvolvimento Regional, que, ao analisar a infraestrutura, as características do marketing e os atrativos dos destinos, estabeleceu indicadores para orientar os investimentos e medir resultados.