Título: Dilma exclui Palocci do cardápio
Autor: Lima, Maria; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 02/06/2011, O País, p. 4

Caso do ministro não é mencionado em almoço com peemedebistas

BRASÍLIA. O nome do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, só foi mencionado uma vez no almoço de ontem entre a presidente Dilma Rousseff e a bancada do PMDB no Senado. Foi quando Dilma justificou a ausência de Palocci, inibindo o debate sobre o assunto. O mais importante, na avaliação dos senadores, foi a disposição demonstrada por Dilma de estabelecer nova relação com aliados no Congresso, depois do bate-boca entre Palocci e o vice-presidente Michel Temer sobre o Código Florestal e da interferência do ex-presidente Lula.

- Quero ter uma relação mais próxima com a base através dos líderes e com os ministros resolvendo as demandas dos senadores. Ninguém governa só com o Executivo - afirmou Dilma ao abrir o almoço.

Foi o suficiente para desarmar o espírito dos peemedebistas. O senador Pedro Simon (RS), que antes do almoço alardeara que cobraria o afastamento de Palocci, não abriu a boca.

- Não falei porque ele não estava lá. Ele desapareceu do almoço. Não cabia falar para a Dilma naquele momento - justificou Simon.

Tampouco Roberto Requião (PR), que se sentou ao lado de Dilma e havia assinado na véspera o requerimento pela criação de uma CPI para investigar Palocci, abordou o assunto. Ricardo Ferraço (ES) ressaltou que nada foi pedido por Dilma em relação a Palocci:

- Por isso, vou votar a favor da convocação do ministro. Será bom para ele e para nós - adiantou Ferraço.

A descontração de Dilma agradou:

- Reunião igual só vi com o Lula de bom astral. A presidente disse que quer melhorar a relação com o Senado e a Câmara - resumiu Eunício Oliveira (CE).

O presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp, disse que seu partido não se constrange em defender Palocci.

Raupp condenou o comportamento do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que ameaçou apoiar a convocação de Palocci para pressionar o governo a aprovar a emenda que eleva o piso de policiais e bombeiros:

- Não se deve usar desse expediente neste momento de dificuldades. É condenável.