Título: Procurador ainda vai analisar defesa feita por Palocci
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 02/06/2011, O País, p. 3

Ministro encaminha mais informações, pedidas pelo Ministério Público

BRASÍLIA. O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, encaminhou ontem um segundo pacote de informações ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre as atividades da empresa de consultoria dele, a Projeto. A procuradoria pediu esclarecimentos sobre os motivos de uma operação da empresa ter sido considerada atípica pelo Ministério da Fazenda. Gurgel também solicitou novos detalhes sobre o preço e a natureza dos serviços de consultoria que o ministro prestou quando era deputado federal.

Diante das informações prestadas, o procurador vai decidir se pede ou não abertura de inquérito contra Palocci. Se pedir, o ministro será investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), pois tem direito a foro privilegiado. Gurgel também poderá arquivar o caso, se considerar que não há indícios suficientes contra o ministro. Para tomar essa decisão, o procurador disse que precisará de tempo. Não há previsão de quando isso ocorrerá.

- Não há possibilidade de me pronunciar antes de ler e analisar o material todo - disse Gurgel.

O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, não quis falar sobre o conteúdo do material entregue ontem. A Casa Civil também negou-se a dar mais detalhes sobre o documento.

As suspeitas sobre Palocci foram levantadas em duas representações de autoria de partidos de oposição, depois de denúncias feitas pela imprensa. No primeiro pedido de informações, Gurgel quis saber detalhes sobre a compra pelo ministro de um apartamento de R$6,6 milhões, em área nobre da capital paulista, enquanto exercia o mandato parlamentar.

O segundo pedido de informações chegou à Casa Civil em 26 de maio. No requerimento, Gurgel pediu mais detalhes sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, que apontou a Projeto como uma das empresas que mantiveram transações financeiras com uma incorporadora investigada pela Polícia Federal em São Paulo. O procurador também quer saber por que os clientes de Palocci escolheram o final de 2010, após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, para efetuar pagamentos pelos serviços de consultoria.