Título: Apesar de recuo da inflação, analistas esperam que BC eleve Selic a 12,25%
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 07/06/2011, Economia, p. 26

Para mercado, Banco Central não vai relaxar política monetária a curto prazo

BRASÍLIA. Apesar dos recentes sinais de que a economia e a inflação estão perdendo força, os agentes econômicos não acreditam que o Banco Central (BC) adote uma política monetária menos restritiva a curto prazo. Os analistas continuam apostando que a Taxa Selic, hoje em 12% ao ano, será elevada amanhã em 0,25 ponto percentual, no término da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e passará, em julho, a 12,50%, como mostrou a pesquisa Focus divulgada ontem. Mas há quem aposte que a taxa básica chegará a 13% anuais.

- A desaceleração da economia e da inflação que vemos agora já estava na conta. Para falar que, de fato, essa é uma tendência que veio para ficar, é preciso esperar mais alguns meses - disse o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.

Ele lembrou que o IPCA acumulado em 12 meses ainda crescerá até agosto, ultrapassando 7% - o teto da meta do governo é de 6,5%. Gonçalves cita a queda de 2,1% da produção industrial em abril como um importante indicador da desaceleração da economia. Mas ressaltou que é preciso esperar novos dados. Ele projeta o IPCA de maio em 0,48%, aquém do 0,77% de abril mas ainda elevado.

Projeção para o PIB de 2012 recua de 4,60% a 4,55%

Na Focus, as projeções para o crescimento da indústria passaram de 3,73% para 3,50% neste ano e de 4,60% para 4,55% em 2012. Para a expansão da economia, as de 2011 permaneceram em 4%, recuando de 4,20% para 4,10% no ano que vem.

Para o economista do Santander Cristiano Souza, o recuo no consumo das famílias no trimestre passado, de 2,3% para 0,6%, deveu-se sobretudo à perda do poder de compra causada pela inflação. Ele acredita que essa perda será recuperada agora, com as negociações salariais das grandes categorias. Souza projeta Selic de 12,25% amanhã, fechando o ano a 13%.

Para o BC, a inflação atingirá seu pico anualizado em agosto, quando serão sentidos os efeitos das medidas de restrição ao crédito e da alta da Selic.