Título: Custo de vida menor anima mercado
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 08/06/2011, Economia, p. 25
Ações de construção, varejo e bancos sobem. Nos EUA, preocupação traz queda
A desaceleração da inflação pelo IGP-DI e pelo IPCA em maio animou ontem investidores na Bolsa de Valores de São Paulo. Após uma forte queda na segunda-feira, o Ibovespa, índice de referência do mercado, avançou 0,24%, aos 63.217 pontos. Já o dólar comercial recuou 0,31%, a R$1,578, apesar das intervenções do Banco Central para tentar impedir sua desvalorização.
Os destaques no pregão ficaram para os papéis de varejo, bancos e construtoras. A avaliação do mercado é que, com a inflação mais controlada, não será necessário ao Banco Central subir muito os juros na reunião de hoje. Com isso, as ações saem beneficiadas. Lideraram as altas as ações preferenciais (PN, sem voto) das Lojas Americanas (3,41%, a R$16,09) e ordinárias (ON, com voto) da construtora MRV (R$2,58, a R$14,70).
- Além da ajuda da inflação, esses setores subiram porque tinham caído muito na segunda-feira. Os papéis ficaram baratos - disse Paulo Hegg, da Um Investimentos.
O avanço do índice não foi maior por causa da Petrobras. Os papéis PN recuaram 0,86%, para R$23, quinta queda consecutiva. Esse é o menor preço desde 3 de março de 2009.
Em Wall Street, o Dow Jones recuou 0,16% e o Nasdaq, 0,04%. Os índices cederam após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke. Ele reconheceu, ontem, a desaceleração na economia dos Estados Unidos, mas não sinalizou estímulos para o crescimento.
Recente batelada de fracos dados macroeconômicos, coroada com relatório que, divulgado na sexta-feira, mostrou geração de apenas 54 mil empregos mês passado, tem renovado especulações que a economia dos EUA pode precisar de mais ajuda.
"O crescimento econômico este ano parece estar um pouco mais lento que o esperado. Um número de indicadores também sugere alguma perda de fôlego no mercado de trabalho nas últimas semanas", disse.
Porém, Bernanke disse que as últimas mostras de freio na economia não vão durar muito tempo e darão lugar a um crescimento mais forte no segundo semestre. Ainda segundo ele, a inflação nos EUA preocupa, mas, com a economia mais acomodada, a escalada de preços, afirmou, será transitória.
Bernanke disse que o fraco crescimento nos salários e as expectativas de inflação estáveis o tranquilizam no sentido de a economia não sofrer ameaça imediata de entrar numa espiral de aumento dos preços.
(*) Com agências internacionais