Título: França encerra busca por corpos do 447
Autor: Motta, Cláudio
Fonte: O Globo, 08/06/2011, Rio, p. 21
No total, foram resgatados 154, restando 74 sem condições de identificação
UM MOTOR do Airbus A-330 da Air France é resgatado do fundo do mar
A busca pelos corpos de vítimas do acidente com o voo 447 da Air France, que causou a morte de 228 pessoas, foi encerrada na última sexta-feira, de acordo com comunicado do Escritório de Investigações e Análises da França (BEA). Os trabalhos terminaram sem que 74 corpos tenham sido recuperados. Investigadores franceses içaram 104 vítimas do mar, de uma profundidade de 3.900 metros, dois anos depois da queda do avião da Air France (outros 50 haviam sido resgatados na primeira fase de buscas). Também foram recuperadas partes do avião e ambas as caixas-pretas: uma com o registro do som da cabine e outra com os parâmetros de voo.
As autoridades francesas depositaram no fundo do oceano, onde foram encontrados os destroços do avião, uma placa em homenagem aos mortos, com uma mensagem em português, francês e inglês.
O presidente da Associação de Vítimas, Nelson Faria Marinho, criticou duramente o encerramento das buscas. Pela decisão dos juízes franceses Sílvia Zimmermann e Yann Daurelle, os corpos que não tivessem condições de serem identificados não seriam resgatados. A justificativa seria a preservação e o respeito às famílias.
¿ A Justiça francesa se precipitou em decidir pelos familiares. Logo após o acidente, os 50 corpos resgatados eram restos mortais, não estavam em bom estado ¿ alega Nelson.
A Associação de Vítimas reclama, ainda, da falta de informações por parte das autoridades francesas, cobra mais ação do governo brasileiro e diz que poderá entrar num tribunal internacional caso seja necessário contestar as decisões tomadas pela França:
¿ Cada família vai ficar na expectativa, sem saber se o corpo de seu parente foi recuperado. Sofremos com mais essa dor. O Brasil precisa tomar decisões mais fortes. Formamos uma comissão de mulheres e queremos ser recebidos pela presidente Dilma Rousseff.
O último corpo foi resgatado em 3 de junho, segundo Philippe Vinogradoff, autoridade indicada pelo governo francês para tratar com as famílias das vítimas. ¿Todos os corpos que eram possíveis de serem resgatados foram trazidos para a superfície¿, disse.
A última fase do resgate está sendo paga pelo governo francês, a um custo estimado entre cinco e seis milhões de euros, segundo o jornal ¿Le Figaro¿. Até agora, as buscas custaram 21,6 milhões de euros.