Título: Lista de clientes será enviada ao MP
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 08/06/2011, O País, p. 16

Procurador-geral repassará dados para investigação sobre improbidade

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que vai enviar as informações prestadas pelo ex-ministro Antonio Palocci à PGR aos procuradores da República no Distrito Federal que conduzem uma investigação de improbidade administrativa envolvendo a empresa de Palocci, a Projeto. Entre os documentos estão a lista de clientes da empresa e informações fiscais e bancárias.

- Eles (os procuradores) já tinham feito uma solicitação dos mesmos documentos. Se não houver duplicidade, vou enviar, sim - prometeu.

Segundo Gurgel, essas informações não serão postas à disposição de mais ninguém, pois são sigilosas. Mas garantiu que, entre os clientes, não havia nenhum ligado ao poder público.

- (Não havia na lista) Nenhum que caracterizasse aquela hipótese em que a atividade do parlamentar é vedada. A Constituição prevê que quem está no exercício do mandato parlamentar não pode ter contratos com o poder público - explicou.

Gurgel considerou "extremamente injustas" as críticas feitas à sua atitude de arquivar a representação criminal contra Palocci por falta de provas:

- O procurador-geral da República se manifesta de acordo com sua convicção. Foi o que fiz no caso, apesar dos julgamentos feitos pela imprensa. Fiz isso com a mesma firmeza contra Palocci no caso do caseiro.

Ele disse estar acostumado com esse tipo de reação.

- É da tradição do MP, infelizmente, que as suas manifestações nem sempre agradem. Ora agrada a uns e desagrada a outros; ora desagrada a outros e agrada a uns. É exatamente o que aconteceu - disse. - O MP não pode se pautar para causar simpatia, mas pelo que entende que é o exercício exato e correto da sua atribuição.

Gurgel contou que, ao assinar a decisão, avisou aos parlamentares da oposição que queriam a abertura de inquérito e também ao Planalto. Ele não teria conversado com a presidente Dilma Rousseff ou com Palocci sobre o assunto ontem.

Na decisão divulgada na segunda-feira, o procurador disse que o caso poderia ser de improbidade administrativa, mas não de inquérito criminal. Ontem, ele não quis dizer se havia indícios suficientes para condenar Palocci na investigação que tramita na primeira instância.

- Ao procurador-geral da República cabe examinar matéria tão somente criminal, e foi o que eu fiz. Destaquei que há um inquérito civil público instaurado exatamente para apurar eventual ato de improbidade administrativa - afirmou.