Título: Sem dar o braço a torcer
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 08/06/2011, O País, p. 14
Palocci quis demonstrar que ficaria no cargo
BRASÍLIA. Em seu último dia como ministro da Casa Civil, Antonio Palocci tentou demonstrar que estava firme no cargo. Pela manhã, participou, ao lado da presidente Dilma Rousseff, da cerimônia de criação da Comissão Nacional e do Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), com mais 15 ministros e o governador do Rio, Sérgio Cabral. Fez questão de ser fotografado com Dilma e abraçou colegas em sua última cena pública como ministro.
Dilma convidou Palocci para o almoço, no Palácio da Alvorada, com a bancada do PTB no Senado, do qual participou Fernando Collor de Mello (AL), que não havia mais pisado no local desde o seu impeachment. No almoço, trataram de tudo, menos da crise no governo, relataram os senadores. Como aconteceu nos últimos dias, Palocci entrou discretamente no Alvorada e não ficou para a foto. Dilma também chamou o ministro Luiz Sérgio, de Relações Institucionais, outro que estava pelo fio do bigode para cair.
Após o almoço, cresceram os rumores de que Palocci deixaria o cargo ontem. Ele ainda tentou uma última cartada. Na noite de segunda-feira, Palocci conversou com os líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), concordando em ir ao Congresso, desde que convidado. Ele conversou também com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). A estratégia era tentar uma convocação mista, para as duas Casas.
Por volta de 17h, depois de participar da assinatura da concessão da usina de Teles Pires, Dilma recebeu Palocci em seu gabinete. Ele lhe entregou a carta de demissão.