Título: Senadores do PT vetaram nota de apoio
Autor: Damé, Luiza ; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 08/06/2011, O País, p. 3/4

Bancada do partido se irrita com proposta apresentada por Marta Suplicy

BRASÍLIA. Na ânsia de manter Antonio Palocci e o poder da Casa Civil com o PT paulista, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) antecipou o "beijo da morte" no ex-ministro, expondo a falta de apoio do partido a ele. Em uma conturbada reunião ontem na hora do almoço, a bancada no Senado se recusou a aprovar proposta de Marta de divulgar uma nota de apoio à permanênci6a de Palocci na Casa Civil.

Naquele momento, tudo indicava que Palocci cairia a qualquer momento. Marta, porém, abriu uma guerra na reunião-almoço semanal da bancada do PT no Senado, ao propor uma nota de apoio à permanência do ministro. Na ausência de três senadores - Delcidio Amaral (MS), Eduardo Suplicy (SP) e Walter Pinheiro (BA) -, a maioria dos presentes rejeitou a ideia, alegando que o objetivo da bancada era fortalecer a presidente Dilma Rousseff, e não Palocci.

Presidente do PT desaprova nota proposta por Marta

A recusa da bancada foi interpretada como a confirmação da queda de Palocci. A maioria achou inoportuna a nota de apoio, justamente porque no Planalto já se negociava o anúncio de sua substituição pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ironicamente, a futura ministra, que participou da reunião, assistiu a iniciativa de Marta de defender Palocci.

Marta chegou a pedir ao presidente do PT, Rui Falcão, a ajudá-la a redigir a nota. Mas Rui também não aprovou a ideia e não foi. O líder Humberto Costa (PE) saiu muito irritado da reunião e convocou uma outra para o final da tarde, com o objetivo de discutir a divisão da bancada no caso. Ele já sabia da articulação em torno do nome de Gleisi para substituir Palocci.

Perguntado se a recusa da nota de apoio do PT precipitou a queda de Palocci, Walter Pinheiro disse que nada o seguraria naquele momento.

- O problema não foi a falta ou excesso de apoio do PT ao Palocci. Não era uma nota que iria segurar o ministro. A crise saiu do governo. A crise era do Palocci - afirmou Pinheiro, um dos que mais criticou a falta de explicações sobre os negócios do ex-ministro.

Vários senadores ficaram muito irritados com a iniciativa de Marta, que acabou expondo o desconforto da bancada, desnecessariamente.

- Isso é coisa de gente que está querendo ser mais realista que o rei ou está procurando protagonismo - desabafou Delcidio Amaral.