Título: Para o IBGE, áreas são grupamentos subnormais
Autor: Daflon, Rogério; Schmidt, Selma
Fonte: O Globo, 05/06/2011, Rio, p. 23

Uma das condições para lugar receber o rótulo é não dispor de serviços básicos

O termo favela não é usado pelo IBGE. Na classificação do órgão, o que mais se assemelha a uma favela é chamado de ¿grupamento subnormal¿. Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, no Censo 2010 a identificação e a delimitação desses grupamentos foram aperfeiçoadas com o uso de imagens de satélites.

Uma condição indispensável para um local ser considerado grupamento subnormal, diz Eduardo, é ter pelo menos 51 casas ou barracos. Esse conjunto de habitações precisa ainda estar numa área carente de serviços públicos essenciais e de infraestrutura básica. O fato de as habitações estarem em área de invasão ou sem titularidade é também levado em consideração.

¿ O trabalho tem três fases. Primeiro, identificamos e delimitamos as manchas por imagens de satélite. Depois, levantamos informações territoriais. Na terceira etapa, visitamos as casas e olhamos o entorno. Tem saneamento? Tem lixão? Tem iluminação pública? As ruas são estreitas? O pesquisador preenche um formulário. É a partir desse levantamento que avaliamos se o lugar é um grupamento subnormal ¿ diz Eduardo.

A segurança pública não é levada em conta. Como cidadão, porém, o presidente do IBGE entende que o controle pelo Estado ajuda a tarefa de prover esses locais de serviços públicos.

Uma das características dos grupamentos subnormais do Rio, diz Eduardo, é o adensamento. Ele chama a atenção ainda para a diversidade dos locais, como na Rocinha, onde grupamentos normais e subnormais se misturam. Diferentemente de outras áreas na favela, a Rua 4, por exemplo, foi alargada e ficou com menos casas após obras do PAC:

¿ Antes, nessa rua havia o maior índice de tuberculose e leptospirose da Rocinha ¿ lembra o arquiteto Luiz Carlos Toledo.