Título: Indicado para Anac diz, no Senado, que modelo da Infraero é ineficiente
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 10/06/2011, Economia, p. 28

Comissão aprova nome de Guaranys para presidir agência de aviação civil

Brasília. Com críticas à atuação da Infraero, Marcelo Guaranys, indicado pelo governo para presidir a Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac), teve ontem o nome aprovado por unanimidade na Comissão de Infraestrutura do Senado. A nomeação deve passar pelo plenário da Casa na próxima semana. Na sabatina, Guaranys disse que o modelo institucional de administração dos aeroportos, nas mãos da Infraero, é equivocado porque não gera eficiência nem estimula a concorrência.

- Nós temos um problema institucional no Brasil, que mantém a administração dos aeroportos em uma única empresa. O grande problema da Infraero não é só investimentos, mas como operar os aeroportos. Se ela não faz isto, não vai conseguir projetar um aeroporto mais eficiente - afirmou.

Guaranys confirmou que, no modelo de privatização definido pelo governo, a Infraero continuará existindo. Mas ele destacou que, com a provável vinda de administradores estrangeiros para aeroportos importantes, a empresa terá que ser mais eficiente:

- Havendo a concessão e novos operadores, principalmente estrangeiros, os aeroportos poderão ser mais funcionais e, talvez, não tão luxuosos ¿ disse.

Guaranys, que já foi diretor da Anac e participou das recentes discussões sobre a concessão dos aeroportos como assessor da Casa Civil, informou que o governo não fará leilão por blocos de terminais, incluindo em pacotes os considerados deficitários. Os lucrativos serão leiloados separadamente num primeiro momento (Guarulhos, Brasília, Viracopos-Campinas, Galeão-Tom Jobim e Confins-Belo Horizonte) e, depois, outros poderão engrossar a lista, como Goiânia e Vitória.

Os dois últimos dão prejuízo sob a gestão da Infraero, mas, segundo Guaranys, poderão ser superavitários nas mãos da iniciativa privada. Ele salientou que o governo fará com o setor aeroportuário o mesmo que foi implantado nos setor elétrico e nas rodovias.

Nos dois casos, a concessão avançou, mas o Estado ainda ficou com boa parte dos ativos ¿ modelo diferente do adotado no setor de telecomunicações, onde foi ampla. A União, via Infraero, terá participação no consórcio vencedor do leilão dos aeroportos como sócio minoritário, com até 49% do negócio.

Guaranys mencionou ainda que os recursos arrecadados nas concessões dos aeroportos poderão ser destinados ao Fundo Nacional de Aviação Civil, criado junto com a Secretaria de Aviação Civil (SAC), para ajudar a manter terminais deficitários.

Para evitar tumultos durante a Copa de 2014, Guaranys garantiu que a Anac somente vai autorizar os voos de acordo com a capacidade do aeroporto. O limite exato de cada um será definido pela agência.

- Essa é uma grande preocupação para a Copa do Mundo ¿ afirmou.