Título: Disputa por controle de áreas protegidas acirra briga entre órgãos do governo
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 12/06/2011, O País, p. 17
Serviço Florestal quer tirar do Instituto Chico Mendes gestão de 125 unidades
BRASÍLIA. Não bastasse o confronto com ruralistas pelo Código Florestal, o setor ambientalista do governo enfrenta disputas internas. Dois órgãos ligados ao Ministério do Meio Ambiente - o Serviço Florestal Brasileiro e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - brigam pela gestão de áreas protegidas. Por lei, a gestão de todas as 310 unidades de conservação federais, divididas em 12 categorias, é responsabilidade do Instituto Chico Mendes. Mas o Serviço Florestal reivindica que três categorias - Reserva Extrativista (Resex), Floresta Nacional (Flona) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável - fiquem sob seu guarda-chuva.
Uma proposta do Serviço Florestal neste sentido vazou recentemente, reacendendo a discórdia entre os dois órgãos. Em jogo estão 125 unidades de conservação (40% do total), uma área que, somada, chega a 30,7 milhões de hectares. A pendenga tem como pano de fundo uma rixa ideológica entre a preservação total e uso monitorado dessas áreas. O pleito do Serviço Florestal é para diminuir a burocracia que tem que enfrentar para realizar sua missão: a concessão de florestas públicas para exploração sustentável de madeira. É que para que empresas tenham o direito de retirar toras dessas áreas protegidas, dois planos de manejo têm que ser feito - um pelo Serviço Florestal e outro pelo Chico Mendes. E um terceiro órgão, o Ibama, ainda tem que dar o aval.
O presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, embora tenha uma ótima relação pessoal com o diretor-geral do Serviço Florestal, Antônio Carlos Hummel, não esconde a discordância quanto à posição do amigo. Ele reclama que o outro instituto foi criado para fazer concessão de áreas de exploração em florestas públicas, e não nas florestas nacionais (Flonas).