Título: Liberdade sofre com terremoto
Autor: Durão, Mariana
Fonte: O Globo, 11/06/2011, Economia, p. 39

Faltam produtos em lojas tradicionais em reduto japonês

SÃO PAULO. Três meses após o terremoto seguido de tsunami no Japão, o comércio do bairro da Liberdade, reduto da maior colônia japonesa do país, em São Paulo, sofre com a falta de produtos orientais importados. Temperos, biscoitos, balas e saquês, entre outros itens, desapareceram das prateleiras.

Na Marukai, um dos maiores mercados orientais da região, a escassez passou a ser percebida há um mês, quando o sortimento de biscoitos começou a minguar. Depois, desapareceram o shitake (tipo de cogumelo) desidratado e o missô (pasta de soja), itens indispensáveis na culinária japonesa.

¿ Ainda não perdemos clientes, mas estamos perdendo vendas, porque já vemos que os carrinhos saem mais vazios da loja ¿ diz Luiz Carlos Zapala, gerente da Marukai.

Para manter a clientela, o comércio local está substituindo parte dos produtos. Na Marukai, por exemplo, os biscoitos e salgados começaram a ser trazidos dos EUA. Na Kaisen, a alga Nori, usada para fazer sushis, passou a ser importada da China, enquanto balas e outros produtos vêm da Coreia do Sul.

Já os produtos japoneses ainda disponíveis aumentaram de preço. Na Kaisen, um pacote de balas, que custava R$3,90 há três meses, hoje é vendido por R$6. Os salgadinhos à base de soja e algas passaram de R$3,80 para R$4,90.

A opção de buscar fornecedores alternativos também não resolve todo o problema. Alguns temperos e algas dificilmente terão similares disponíveis em outros países, explica José Ribamar Rodrigues e Silva, da Kanazawa. O fornecimento para os restaurantes japoneses, no entanto, não deve ser diretamente afetado. (Paulo Justus)