Título: Itamaraty evita embate
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Fonte: O Globo, 11/06/2011, O País, p. 17

Chancelaria considera críticas da Itália sobre libertação de Battisti como "naturais"

BRASÍLIA. Apesar da forte reação do governo italiano contra a decisão brasileira de não extraditar Cesare Battisti, o Itamaraty adotou a política da boa vizinhança e só vai se pronunciar sobre o caso se houver um questionamento objetivo, que demande resposta. A chancelaria brasileira avalia que as críticas da Itália são "naturais", uma vez que extradição tinha forte apelo de política interna no país europeu. A convocação do embaixador em Brasília, Gherardo La Francesca, para consultas em Roma, não surpreendeu.

Um porta-voz do Itamaraty ponderou, entretanto, que o caso é de "extrema sensibilidade", mas afirma que não cabe ao governo Dilma Rousseff emitir opiniões sobre decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda salientou que a chancelaria não tem compromisso, ou mesmo orientação, para defender o aval dado pelo ex-presidente Lula para que Battisti ficasse no Brasil, a despeito das condenações impostas pela Justiça da Itália. Não se cogita uma medida de retaliação à Itália, como a convocação para consultas do embaixador em Roma, José Viegas Filho.

Um experiente diplomata contou que a decisão de Lula criou um "problema desnecessário" com a Itália, país que mantém laços históricos de amizade. A interpretação do ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, é de que, por ora, as declarações oficiais da Itália são "cuidadosas" e permitem acreditar que não há interesse italiano em provocar uma crise na relação bilateral. O Brasil admite que, eventualmente, a Itália poderá, sim, recorrer ao Tribunal de Haia, para requerer a extradição de Battisti. Avalia que o caso não deve interferir nos esforços brasileiros para promover uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas.