Título: Oposição investe na base aliada para tentar convocar CPI
Autor: Jungblut, Cristiane; Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 06/06/2011, O País, p. 3

Como na Câmara está difícil, podemos fazer só no Senado", diz tucano

BRASÍLIA. Com fôlego reavivado, a oposição vai investir esta semana no convencimento de dez senadores da base aliada para virar o jogo e conseguir as 27 assinaturas necessárias para abrir uma CPI para investigar a evolução patrimonial do ministro Antonio Palocci. Cientes de que na Câmara as chances da CPI são menores, líderes oposicionistas apostam em uma investigação no Senado, embora as apostas sejam de que Palocci cairá antes, por falta de condições políticas.

Para a oposição, como nas entrevistas Palocci não revelou as empresas a que deu consultoria, nem o tipo de serviço prestado, será mais fácil conseguir as assinaturas. Pesa também a denúncia da revista "Veja" sobre o apartamento alugado por Palocci.

- O objetivo é fazer uma CPI mista. Mas, como na Câmara está difícil, podemos fazer só no Senado - disse o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).

Até agora, 19 senadores assinaram o requerimento de apoio da CPI: os 11 da bancada tucana, os quatro do DEM, dois do PSOL e os peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Roberto Requião (PR). O senador Itamar Franco (PPS-MG), doente, ainda não pôde assinar o documento.

Entre os procurados pela oposição estão senadores do PMDB, como Ricardo Ferraço (ES), Pedro Simon (RS), Waldemir Moka (MS), Luiz Henrique (SC) e Casildo Maldaner (SC). Também há conversas com os pedetistas Cristóvam Buarque (DF) e Pedro Taques (MT), e com Ana Amélia (RS), do PP, e Kátia Abreu (TO), do PSD. E há a abordagem ao senador Clésio Andrade (PR-MG), que chegou a assinar o requerimento, mas retirou seu nome por pressão do governo e do partido.

- Muitos senadores fizeram discursos tão fortes que acredito que, com a falta de explicação e a nova denúncia, podem assinar a CPI e aprovar a convocação. São pessoas com capacidade de se indignar - disse Dias.

- Se o governo insistir em impedir a CPI, a crise cai em seu colo - disse Agripino Maia (DEM-RN).