Título: A difícil busca da presidente por um novo Palocci
Autor: Jungblut, Cristiane; Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 06/06/2011, O País, p. 3

Nomes técnicos, como Graça Foster e Miriam Belchior, surgem como opção

BRASÍLIA. A desarticulação política do governo - principal problema junto ao Congresso e no direcionamento das ações dentro da administração - não será resolvida com o fim da crise envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Se o ministro for exonerado, o principal dilema da presidente Dilma Rousseff será escolher o perfil correto de seu substituto para a Pasta. Sem a ajuda de Palocci na articulação política, Dilma deve ter preferência por um nome técnico, mas isso não resolveria o problema. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, é considerado omisso e não tem força junto aos parlamentares.

Dilma já sinalizou a aliados que não gosta de fazer muitas mudanças ao mesmo tempo, o que indicaria que as alterações na Secretaria de Relações Institucionais seriam promovidas numa segunda etapa. Para trocar Luiz Sérgio - que acompanhou Dilma em sua visita ao Rio, na semana passada, e foi elogiado -, o PT precisaria, primeiro, tentar chegar a um acordo interno, já que há uma briga declarada entre expoentes do partido na Câmara dos Deputados.

Numa eventual saída de Palocci, a presidente tem oscilado entre nomes eminentemente técnicos e os de políticos. Dentro do perfil técnico, a preferência de Dilma sempre foi por Graça Foster, seu ex-braço-direito que atualmente é diretora da Petrobras. Mas isso demandaria um rearranjo profundo na área política. O PT sempre reclamou dessa opção, que surgiu já na fase do governo de transição, porque o partido não estaria contemplado.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é vista como alternativa técnica ligada ao PT de São Paulo, mas também sem nenhum trânsito político. A vantagem, segundo interlocutores, é que Miriam conhece toda a ação da Casa Civil, onde assessorou Dilma. Ontem, essa saída foi lembrada nos cenários analisados por petistas.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, é o nome preferido de parlamentares da Câmara, mas seu nome enfrenta resistências dentro do Palácio do Planalto e até entre senadores petistas. Há uma reclamação geral sobre o ímpeto de atuação de sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o que teria desagrado a petistas mais antigos e respingado no ministro.

A vantagem de Paulo Bernardo seria combinar experiências técnica e política. Alguns especulavam até sua volta ao Ministério do Planejamento, no caso de Miriam ir para a Casa Civil.

- Mas a presidente não gosta de fazer muitos deslocamentos (mudanças) ao mesmo tempo - ponderou um político da base aliada do governo Dilma.

O nome do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também foi posto sob análise, até como nome ideal. O grande entrave, nesse caso, seria uma interpretação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Carvalho foi assessor direto no governo passado, voltaria a mandar no governo.