Título: Suposto laranja diz que empresa é de sua família
Autor: Falcão, Jaqueline
Fonte: O Globo, 06/06/2011, O País, p. 5

"Quando eu estiver pronto, vou esclarecer todo o mal-entendido"

MAUÁ (SP). O representante comercial Dayvini Nunes, o mais novo personagem na crise que envolve o ministro Antonio Palocci, voltou atrás ontem e disse que tudo não passou de um mal entendido. Ele alegou que, em nenhum momento, afirmou ser um laranja. E confirmou que a empresa Lion Administração de Bens, dona do apartamento alugado por Palocci, pertence a sua família. Dayvini disse que a revista "Veja" usou sua entrevista para prejudicar a imagem do ministro da Casa Civil, que conhece apenas pelo noticiário.

- A empresa é da minha família e quando estiver pronto vou esclarecer todo o mal-entendido que foi gerado pela revista. Ela usou as minhas palavras contra a minha pessoa. Em nenhum momento eu falei que era laranja - afirmou Dayvini, por telefone.

O representante comercial disse que a Lion está em débito com ele, embora na Junta Comercial conste que ele é o sócio majoritário da firma. Segundo o rapaz, de 22 anos, a reportagem de "Veja" tentou passar uma imagem de que ele é uma pessoa miserável:

- Não sou. Tenho 22 anos e, graças a Deus já tenho o meu carro, já cursei um ano de faculdade (de Administração). Moro no Centro de Mauá, e eles estão dizendo que moro na periferia.

O endereço de Dayvini na Junta Comercial fica na periferia de Mauá, mas quem mora lá é seu pai, Reinaldo Nunes. Dayvini disse não conhecer Palocci:

- Eu nunca tive contato com o Palocci, mas acredito que outras pessoas da empresa tenham tido contato com ele, porque ele aluga um imóvel da empresa. Se Palocci deve, é problema dele.

O pai da Dayvini, Reinaldo Nunes, também saiu em defesa do filho, embora reconheça que ele "acabou falando um monte de bobagens", porque estava acuado. Nunes, que mora "de favor" na periferia de Mauá, contou que tem uma participação de 19% no valor do apartamento ocupado por Palocci, em Moema, fruto de investimentos que fez na sociedade com Gesmo Siqueira dos Santos, seu concunhado. Nunes confirmou que recebe mensalmente um percentual do valor do aluguel do apartamento, e que repassa parte ao filho e à ex-mulher, Edna.

- Eu e o Gesmo fomos sócios nos negócios de postos de gasolina, quando obtivemos algum patrimônio juntos. Hoje, ainda somos sócios, principalmente nas dívidas trabalhistas - disse Nunes, salientando que nem ele, nem o filho tinham conhecimento de que o locador do apartamento é o ministro Palocci.

- O que ele (Dayvini) sabe é que aquele apartamento existe, tem origem certinha e que foi alugado. Não sei porque ele falou que era laranja. Ele me disse que não falou. Se fosse laranja, ele teria algum dinheiro pra ganhar. E ele não levou nada - afirmou o pai. (Lino Rodrigues)