Título: Proprietário nega que apartamento seja de laranjas
Autor: Falcão, Jaqueline
Fonte: O Globo, 06/06/2011, O País, p. 5
Gesmo dos Santos diz que botou imóvel em nome de parentes para fugir de execuções judiciais
SÃO PAULO. O advogado Gesmo Siqueira dos Santos negou ontem que a Lion Franquia e Participações Ltda, empresa que consta como proprietária do imóvel alugado pelo ministro Antonio Palocci, pertença a laranjas. Santos disse que registrou a empresa nos nomes do filho, Filipe Garcia Santos, e do sobrinho, Dayvini Costa Nunes, mas que a Lion é administrada e gerida por ele.
Gesmo, que responde a inúmeros processos por adulteração de combustível e falsificação de documentos, diz que adquiriu o apartamento em 2004 por R$900 mil, e que chegou a morar nele, com a mulher e os filhos. Com os problemas nos postos se agravando e a separação da mulher, Elizabete Garcia Santos, decidiu transferir a empresa e o imóvel para o filho e o sobrinho como forma de proteger o patrimônio de execuções decorrentes dos problemas judiciais.
- Tive várias firmas. Passei por dificuldades financeiras e me separei da mulher. Hoje, vivemos do aluguel desse apartamento - contou o advogado, acrescentando que o valor pago por Palocci é rateado entre a mulher, os filhos e o pai de Dayvini, Reinaldo Nunes, que é seu sócio em "alguns negócios", incluindo postos de gasolina.
Sobre os vários endereços que constam das empresas abertas por ele, e que seriam falsos ou de fachada, Santos disse que todos foram ocupados em algum momento pela Lion ou pela Morumbi Administração de Imóveis. Quanto ao endereço atual onde funcionariam as duas empresas, foi vago e afirmou apenas que elas estão "na Zona Norte de São Paulo". Mas recusou-se a informar o nome e número, para "evitar aborrecimentos" com credores e curiosos.
O GLOBO esteve em todos os endereços informados à Junta Comercial de São Paulo e à Receita Federal e constatou que em nenhum deles funcionam empresas da família.
- Os endereços não são frios. O de Salto (no interior de SP, onde foi constituída a Lion) era de uma loja de calçados de nossa propriedade. Usamos o piso superior para sediar a Lion - justificou ele, informando, porém, que ela não está mais lá.
Gesmo diz que nunca teve contato com Palocci
Embora admita saber que o imóvel havia sido alugado por Palocci, Gesmo garantiu que nunca teve contato pessoal, ou "por qualquer outro meio", com o ministro. Disse também que não é filiado ao PT ou a qualquer outro partido político. E reclamou que seu sobrinho está sendo usado politicamente para prejudicar o ministro.
- É sensacionalismo da (revista) "Veja". Querem ancorar o personagem do meu sobrinho como o do caseiro (Francenildo Costa), para derrubar novamente o Palocci - afirmou Santos, referindo-se à entrevista de Dayvini Nunes à "Veja" na qual o rapaz confessou ser laranja e ao episódio do caseiro que motivou a saída, em março de 2006, do então ministro da Fazenda do governo Lula.
"Veja" publicou reportagem onde Dayvini Nunes diz morar num casebre em Mauá e que nada sabia sobre o apartamento alugado por Palocci. Santos alega, porém, que o sobrinho estava insatisfeito com o salário que recebe na Lion e que ficou acuado diante dos repórteres.
- Ele (Dayvini) trabalha na empresa (Lion). Foi ao cartório com o Filipe para registrar a empresa. Essa história (de ser laranja) é um absurdo. Só pode ser mal-entendido - disse.
COLABOROU: Cleide Carvalho