Título: Serra: saída de Palocci resolveu crise imediata
Autor: Lima, Maria; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 09/06/2011, O País, p. 12

Para ele, Dilma precisa de "primeiro-ministro"

SÃO PAULO. Depois de um longo período em silêncio, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) comentou ontem a demissão do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Em seu blog, o tucano fez uma avaliação pessimista da situação da presidente Dilma Rousseff. No texto "Crise vai, crise vem", Serra diz que Dilma resolveu, com a saída de Palocci, apenas uma crise "imediata", que será substituída por outra de relevante proporção.

"A saída do ministro Antonio Palocci resolveu, sem dúvida, um problema político imediato para a presidente Dilma Rousseff, que será sucedido por outro de bom tamanho", escreveu Serra.

O ex-governador refere-se à condução da articulação política do governo, que estava praticamente concentrada em Palocci. Amigo do ex-ministro, ele resumiu a participação do petista na gestão Dilma como o "personagem forte de um governo hesitante e fraco do ponto de vista político e administrativo".

Por esse motivo, Serra conclui que Dilma está em uma situação difícil. Diferentemente dos últimos presidentes (Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva), diz ele, ela precisaria de um "primeiro-ministro".

"O PT não dispõe de ninguém para substituir Palocci nas funções que exercia. A senadora Gleise Hoffmann, certamente, não terá essa pretensão. Fernando Henrique e Lula não precisavam de um primeiro-ministro. Dilma, sim. E agora?", pergunta Serra, ao final da mensagem.

As declarações do ex-governador sobre o episódio Palocci vieram após um longo período de silêncio. Enquanto líderes do PSDB faziam críticas pesadas a Palocci, a primeira e única vez em que Serra se pronunciou sobre o assunto foi no início das denúncias de aumento suspeito de patrimônio, em meados de maio. Na ocasião, ele defendeu o ex-ministro:

- Não tenho o papel de julgador a esse respeito. Acho normal que uma pessoa tenha rendimentos quando não está no governo e que esses rendimentos promovam uma variação patrimonial - afirmou.