Título: Bolsa cai 0,29% com mau humor externo; dólar vai a R$1,583
Autor: Duarte, Patrícia; Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 09/06/2011, Economia, p. 25

Balança comercial ajuda e fluxo cambial fecha maio positivo em US$5,2 bi

RIO e BRASÍLIA. Um onda de pessimismo sobre a recuperação da economia americana voltou a tomar conta dos mercados ontem, à medida que investidores avaliaram o discurso de véspera de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano). A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 0,29%, aos 63.032 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice, com um baixo volume de negócios (R$5,1 bilhões). O dólar comercial fechou em alta de 0,31%, a R$1,583, sua terceira valorização em quatro pregões.

- O discurso de Bernanke se somou à preocupação constante com a crise da dívida da Europa - disse André Simões, gestor de Renda Variável do Modal Asset Management.

O setor de telefonia foi destaque de perdas. Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da TIM recuaram 3,63% (a R$7,44) e os ordinários (ON, com voto) da Telemar caíram 1,94% (a R$29,80). As perdas não foram maiores porque as ações PN da Petrobras ganharam 0,87%, a R$23,20, seguindo a alta do petróleo no mercado externo.

No câmbio, a tendência do dólar segue de queda, apesar das recentes altas, segundo avaliação de Mario Paiva, da BGC Liquidez.

- Os dados do fluxo cambial mostraram que as medidas do governo para conter a entrada de dólares funcionaram, mas vai prevalecer o cenário externo - diz.

Com a ajuda da balança comercial, o fluxo cambial - entrada e saída de moeda estrangeira do país - fechou maio positivo em US$5,256 bilhões, acumulando no ano superávit de US$42,389 bilhões, informou ontem o Banco Central (BC). Porém, as aplicações financeiras dos investidores internacionais no país sofreram forte retração no mês passado.

A conta financeira, por onde passam os investimentos estrangeiros diretos e em portfólio, entre outros, ficou negativa em US$2,007 bilhões em maio, pior resultado desde dezembro de 2010 (déficit de US$2,418 bilhões). No ano, acumula superávit de US$27,574 bilhões. Ao todo, as reservas internacionais do país cresceram US$913 milhões neste período, sendo que em maio todo as ações da autoridade monetária somaram US$4,274 bilhões, a menor intervenção do ano. (Bruno Villas Bôas e Patrícia Duarte)